Diário de Bordo (Alhos e bugalhos, tudo junto e misturado.)

Diário de Bordo (Alhos e bugalhos, tudo junto e misturado)

Um dia vivido aqui no entorno que envolve o reino encantado de Pasárgada, a área próxima das Fazendas Pedra Branca e da Cururupitanga, ao co horário do que possamos imaginar, é cheio de muito movimento informações as mais variadas, e, dentro disso tudo muito aprendizado por parte deste escriba sertanejo, um admirador confesso de Sinuhe, o egípcio.

Pois bem, deixemos desse rela-rela É enveredemos pelo terreno que nos interessa. Como invariavelmente costuma acontecer, depois de umas longas cinco horas de sono, eu acordo e já imediatamente, logo após o desjejum, me ponho a executar uma das muitas tarefas que o reino demanda, pois Tixa I, essa rainha crudelíssima, não dá a menor moleza para os seus súditos.

Nesta quarta-feira, logo após consumir uma jaca, tomada da Jurema, a mula de uma propriedade vizinha, (sinto muito, gente: mas, era ela ou eu, e vocês sabem como é dura a luta pela sobrevivência, né?) Juntei as minhas bugigangas eletrônicas e fui filar um carregamento na casa da Cheiro, uma descendente de indígenas de quem não me preocupei de perguntar o seu nome de registro oficial.

Ah! E antes que eu me esqueça de alertar, não estranhem o desfile de apelidos sonoros, pois aqui todo mundo tem um.

Antes de sair da minha toca, fui duas vezes ao Cururupe me banhar em suas águas, um lenitivo para o excesso de calor proveniente do esforço na labuta, e só cheguei na Serraria, aonde mora a Cheiro e sua numerosa família, por volta das dez horas da manhã. Perguntei da diabetes duelam como estava o nível de glicose no sangue, se estava tomando chá de canela de velho, dei as esperadas reprimenda nela pelo abuso da marvada, e me toquei para a casa do Coruja, um de seus filhos.

Combinei com o Coruja pra que ele me trouxesse alguns mantimentos de Ilhéus, visto que ele iria de moto até a cidade, gastei uns dedos de prosa com ele, e retornei para a casa de sua mãe, que a essa altura estava a alimentar uma incalculável multidão de pombos, quase desaparecida no meio deles.

Enquanto esperava completar o carregamento do meu tablet fui dar uma vista de olhos na casinha de madeira que o Tiago e o Furão estavam fazendo, a sétima construção no terreno da Cheiro, uma área de uns vinte e cinco mil metros quadrados. Tiago, como me disse em surdina, estava apressado a sua construção para se livrar do bodum de cachaça de Zé-do-bucho, outro filho da Cheiro.

Meu tablet carregou, peguei o powerbank, montei na rockrider e destaquei ladeira abaixo em busca das protetoras sombras da Cururupitanga, a fugir do quente Sol de meio dia.

Nem dei muita bola para uma poça de lama que me despontou os pés, pois o Cururupe lá estava a me esperar para um banho mais do que merecido, após o qual fui preparar o meu almoço.

No final da tarde sai pela segunda vez da toca, um recorde, pasmem! Pois precisava pegar a minha encomenda com o Coruja. Como o meu emissário previsivelmente se atrasaria, lá fui eu de novo para a Vila Cheiro, preencher o hiato da espera com uma boa conversa com a Nega e a Pretinha, duas filhas da Cheiro, que se forem chamadas pelos seus respectivos nomes de registros não irão responder, por absoluta falta de hábito.

Sai no lucro, pois além de saber que tinha casca de barbatimão na região, ainda fui premiado com um chá de araçá feito pela Nega.

Finalmente, por volta das sete horas da noite o Coruja chegou. Peguei a minha encomenda e caminhei, sob uma lua crescente enfumaçada, para as acolhedoras asas de Pasárgada.

Terras de Olivença, quarta-feira de Janeiro, lua crescente, de 2019.

João Bosco

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 29/01/2020
Código do texto: T6853303
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