Discurso para o Professor Luis Carlos Azevedo Oliveira (IFPB Campus Sousa)- título de cidadão sousense
Excelentíssimo senhor Presidente desta casa, Vereador Aldeone Abrantes,
Vereador Daniel Pinto, autor da propositura,
Demais Vereadores, autoridades presentes,
Meus senhores e minhas senhoras.
Nesse instante de indisfarçada emoção, consciente da responsabilidade do nobre título que ora me concedem, inicio estas singelas palavras, agradecendo aos presentes e a todos os meus valorosos amigos que colaboraram, direta e/ou indiretamente, para esta conquista. É motivo de júbilo a confiança depositada em mim pelo nobre Vereador Daniel Pinto e pelos vereadores que compõem esta honrosa casa legislativa.
Considero-me uma pessoa simples, oriundo de humilde família campinense, que sempre valorizou a educação dos filhos. Campina Grande me deu o berço, na década de 1960. Sousa me adotou, de braços abertos, no ano de 1990. Aqui cheguei, imbuído de emoções e sonhos, que ao longo dos anos, foram se concretizando de forma natural e sem atropelos. Aos poucos, fui me apaixonando pela terra de Zé de Tozinho, onde procurei dar minha contribuição, notadamente nas áreas educacional e esportiva.
Hoje, posso afirmar que possuo duas idades. Sou um cinquentenário campinense. Desta idade, extraio as virtudes das experiências, das jornadas empreendidas, dos cabelos esbranquiçados pelas intempéries do tempo, da própria vida... Mas também, agora sou um jovem e renovado cidadão sousense de 25 anos. Cheio de existência, com devaneios, idealismos, projetos que, nem de longe, permitem-me fraquejar. A vida, bem vivida, é assim mesmo. Um processo dinâmico, repleto de surpresas e de desafios infindáveis. Um eterno combate, mas um bom combate, uma incontestável dádiva divina.
Caros amigos, mesmo tendo plena convicção da suspeição para falar sobre a antiga Escola Agrotécnica Federal de Sousa, hoje IFPB Campus Sousa, não posso esquivar-me de enaltecê-la pelo que ela fez, pelo que ela é e pelo que representa para mim e para minha família.
Contemplando esta seleta plateia, observo, com dores profundas na alma, alguns recintos vazios. Minha mãe e minhas irmãs, justificadamente ausentes por motivos geográficos, terrenos. Meu pai e meus irmãos, por motivos existenciais, transcendentais, que somente a mais pura fé no criador pode entender ou aceitar. Constato, ainda, amargurado, um assento desocupado, que abrigaria o meu querido cunhado Jonas, tragicamente subtraído do seio da nossa família, vitimado pela extremitude da violência urbana, revelada na forma mais fria, insensível e irracional do comportamento humano. Esta barbárie recente não ceifou apenas os ideais de um jovem em início de vida, mas grande parte da esperança, dos anseios e da alegria de todos nós. Confesso, intimamente, que apenas a fé insiste em permanecer inabalada.
Neste contexto, o poeta Francisco Pereira Nóbrega, ao se reportar ao sofrido sertão nordestino das primeiras décadas do século XX, período em que imperavam o coronelismo e o cangaço, em que a polícia e a justiça eram partidarizadas, afirmou que os tempos eram maus. Partindo deste raciocínio, observo que a Geografia explica o movimento de rotação da terra, enquanto me utilizo da Sociologia para tentar entender as voltas que o mundo dá: “os tempos são maus, novamente”!
Segundo o Padre Pereira, há um sentimento que o calendário, com toda a sua rigidez, regularidade e previsibilidade, não o compreende, pois não tem data. É um desajustado no tempo. Um exilado em busca do eterno. Este sentimento infinito, imortal, é o amor. Assim, não posso esconder que sou um privilegiado, pois além do amor familiar, a vida me reservou, incessantemente, indefinidamente, o prazer do exercício das atividades que mais amo: a educação e o esporte.
Sem dar trégua à emoção, peço vênia aos presentes para apontar a minha metralhadora sentimental a minha amada companheira, Sinha. Agradeço a Deus por ter colocado você no meu caminho. Citando o rei da juventude brasileira e com o coração extravasando de felicidade, afirmo, sem hipocrisia, que nem sei se gosto mais de mim ou de você.
Ressaltando, mais uma vez, o caráter emotivo e sentimental da presente homenagem, gostaria de partilhar também este entusiasmo incontido e sem limites com todos vocês aqui presentes. Meus amigos verdadeiros, meus irmãos.
E para concluir, uma última saudação:
Jonas, não sei por que você se foi. Quantas saudades eu senti. E de tristezas vou viver. E aquele adeus, não pude dar... Você marcou em minha vida. Viveu, morreu na minha história. Chego a ter medo do futuro e da solidão que em minha porta bate... E eu gostava tanto de você. Gostava tanto de você. Gostava tanto de você!
Muitíssimo obrigado a todos!