Fama má?

Faz exatos cinquenta e sete anos que, ao mudar do povoado de São Gonçalo do Brumado, para Pitangui, retomei meus estudos de primeira série primária no saudoso "grupo velho", o Grupo Escolar José Valadares, sobradão antigo, de cuja abreviatura, JV, bordada no uniforme, a garotada do educandário rival, o Francisca Botelho, dito "novo", vivia a nos caçoar: josé viado, josé viado...

Mas as rusgas não costumavam levar a consequências sérias. Demais, nossas meninas eram mais bonitas. E a veadagem não era compulsória...

As tentativas de sepultar a memória dos nomes de uma quarentena de colegas com quem passei a conviver a partir daquele agosto de 58, e iria ter por companhia nos anos escolares que se seguiriam, volta e meia se revertem em ações de ressurreição. E me ressurgem com força, pedindo para que eu refaça a chamada, observe um ou outro detalhe, junte um nome que andou tresmalhado, afinal, parecíamos surgir de todos os quadrantes da Velha Serrana para, do meio dia às quatro da tarde, nos reunirmos sob a regência de Dona Gilda.

Que, também ocupada com a maestrança no distrito do Brumado - a uma légua dali, e donde eu proviera - não chegava a ser o modelo da assiduidade. Mas a falta dela era logo preenchida por uma professora

substituta.

Nós alunos, é que não tínhamos aquele refresco. Solão mesmo, nos acompanhava, na ida e volta daquele imponente solar, também referido como "de Maria Tangará", mulher de fama má.

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 14/04/2015
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