Por que eu odeio o PT?
Olhando alguns dados do Brasil atual como a taxa de desemprego, o PIB, o índice de miséria, o índice de desigualdade social, o índice de pobreza, a criação e o investimento em universidades, enfim, comparando o Brasil de 2002 e o de 2014 é possível se ter várias conclusões, menos de que o governo do PT foi um desastre total. Eu concordo que o IDH podia ter sido melhor, de que a economia nesse ano podia ter sido melhor e que pessoas ligadas ao PT estiveram e com certeza estão envolvidos em caso de corrupção, mas isso justificaria o ódio que se tem ao PT?
Esse ódio ao PT, que faz as pessoas assinarem uma petição pedindo um impeachment golpista, que fazem “democratas” clamaram por intervenção militar, que faz “bons cristãos” terem um enorme ódio e preconceito com o nordestino, que faz “pessoas de bem” agredir, xingar e ameaçar o outro só por ele votar no PT. Esse ódio não é justificável de nenhuma maneira, e devem sim ser combatido.
Mas da onde vem esse ódio? Quais são as bases desse ódio? Isso que eu vou tentar responder aqui, não sendo original de forma alguma e muito menos dono da verdade, mas tentando dar apenas a minha opinião.
Eu acho que vem das tradicionais elites econômicas egoístas, que viram seus espaços, antes exclusivos, sendo invadidos por indesejáveis. Gerando assim uma serie de discurso de não aceitação dessas pessoas que ascenderam economicamente, como: “Aeroporto ou rodoviária?”; a nova estação de metro atrairá “gente diferenciada”; “eu preciso dar banho de alvejante no meu filho quando ele volta da Universidade”; “Esse shopping está com gente muito estranha”; Quando se faz novas ciclovias “Onde minhas clientes milionárias vão estacionar seus carros importados?”, enfim, poderia ficar aqui multiplicando os exemplos aos milhares, mas um elemento que exemplifica isso muito bem são as universidades públicas. Espaço que historicamente era exclusivo das classes mais altas, presenciou recentemente uma pequena abertura a outras classes, o que causou uma enorme resistência as políticas de cotas, sendo até mesmo acusada de racistas, apesar de eu não saber como um politica de inclusão pode ser racista.
Outra questão é como essa elite egoísta, que não suportar ver uma pequena diminuição da desigualdade, conseguiu disseminar um ódio tão grande?
Essa questão é mais complexa, mas eu acho que passa pela ênfase que se dá a certos discursos e a retomada de outros. A ênfase passa muito pela questão da corrupção, que ocorreu sim no governo do PT, mas esse nem de longe foi o mais corrupto, e me parece que tem combatido de forma mais aberta e clara a corrupção, até mesmo com a condenação rara de alguns mensaleiros, muito embora isso não parta do PT. E a retomada passa pelo discurso do “perigo comunista” que tenta exagerar as relações do Brasil com Cuba, que está se abrindo e deixando para trás o comunismo dos anos 60. Esse discurso também enfatizam as relações do Brasil com países da américa latina, que tem governos mais a esquerda, mas nunca foram comunistas, além disso, recuperando termos como “Bolivarianismo” e com o apoio de um certo “filosofo” mostraram ao mundo “Os tenebrosos planos do Fora de São Paulo”.
Provavelmente eu deva ter esquecido de algum, mas acho que esses são os elementos do ódio que fizeram muitas pessoas votarem no PSDB não pelo PSDB, mas sim por ódio ao PT. O PSDB enquanto partido tem sim uma proposta aceitáveis que poderiam conquistar meu voto, mas o PSDB enquanto partido eleito pelo ódio é sim inaceitável. Veja bem, não quero ser injusto com os eleitores do PSDB, pois penso que a maioria votou nele pelas propostas e não pelo ódio.
Esse ódio que vem de cima para baixo e que se apoia em elementos teoricamente falhos devem ser combatido, não com mais ódio, mas sim com uma racionalização da política, e isso deve acontecer imediatamente, pois eu como estudante de história posso afirmar que ódio e política quando se mistura não costuma dar boa coisa.