Poieses anti-racismo ainda hoje em pleno era global e o século XXI ainda não aprendeu a amar

No princípio

Não se desistiu de gerar a vida

E o ser Absoluto não acreditou ser absurdo gerar o humano ser.

E Deus se fez palavra

para unir-se aos seus

e os seus entre si.

Verbo e verbalizar

se implicam na harmonia

inquietante do existir.

E é preciso inventar a vida

em cada palavra, em cada gesto bom,

em cada momento de encontro de homens,

mulheres, crianças, idosos, idosas, bebês...

No começo das coisas todas, ainda quando o caos dominava:

Deus interveio, Deus creou a ordem: a vida, a graça, a luz do cosmos, do ser pensante.

E o ser como um caniço agitado ou palha agitada pelo vento dos séculos...

Deus fez a vida

Fez a alma

Fez-se o corpo

E os anjos não tiveram corpo

E os seres humanos assumiram etnias

E as etnias se estranharam

Veio Darwin se declarou

- Evoluíram os hominídeos

e nos avizinhamos aos parentes símeos

e cínicos

perseguimos os diferentes seres

e nos tornamos des-humanos

viemos dos espaços talvez?

viemos das águas, era uma vez:

e a árvore genealógica

vimos arqueológicas

caveiras de homo sapiens sapiens

desapareceram outros homos

astroloptecus, erectus, faber, homo de homo

chegaram ao homo modernus

Não nos acostumamos a nos ver

diferentes, in-significantes, intrigantes,

conflitantes, intolerantes, deselegantes,

enquanto outros homo hominis

se tornaram iguais, inclusos,

pacificadores, respeitosos, elegantes.

O mesmo Deus que nos fez

nos fez a sua imagem e semelhança

e permitiu a evolução das espécimes:

o homem e a mulher poderiam serem

felizes, refazerem o caminho do paraíso:

se perdoassem, se não reduzissem o valor da vida

à cor da pele,

ao brilho do dinheiro,

a alegria de acumular terras, poder, bens...

esquecendo-se que fomos feitos

para aqui construir

um mundo sem fronteiras, sem cercas,

sem domínio de insuportável sistema

cheio de dor, morte, guerras, racismos,

fome, injustiças, torturas, cismas,

até que o brilho das estrelas

nos digam que temos um fim e o final

pode chegar a qualquer hora e lugar

e colecionar amigos e o melhor troféu

até chegar um dia no céu

se não continuar o ódio,

que alimenta guerras,

o preconceito,

que forja os racismos e medo do diferente

E de repente,

partimos, nada acrescentando ao mundo

que continuamos ou modificamos,

cada um a seu pequeno modo,

de ser único e de ser rede

de amor ou de egoísmos...

De que lado, estamos?

De que modo, perpetuamos

as estruturas de solidariedade e de pecado social...

Criacionismo e evolucionismo: não importa

apenas defendemos uma religião sem fatalismos e fanatismos,

apenas deixaremos marcas lá onde estivermos

a favor ou contra o irmão que se torna próximo ou distante...

No maior pecado é rotular as pessoas, talvez inevitável

selecionar, classificar, tautologizar, contrariar, contradizer,

categorizamente nos ufanamos de ignorar as diferenças

com indiferença, com cinismos, hipocrisia de discursos

sem o efeito de sensibilizar e incluir cada pessoa

independente de etnia, sexo, classe social, condição social...

Somos todos seres humanos,

somos todos gente,

somos todos a gente de mudança e respeito,

somos todos gente na divindade de Deus,

somos todos irmãos,

somos todos filhos de Deus,

somos mais e muito mais

quando descobrimos

que podemos morrer e viver por uma causa maior,

se existe causa maior: o amor, depois nos tornamos

parte da vida, da morte, da terra, do universo, da partícula

dentro e acima de nós, com os outros e pelos outros...

Somos como as estrelas,

ainda que morram,

ainda brilham pelo espaço afora...

Se as trevas são grandes e aterradoras

Se o mundo está ruim,

Se a alma está pequena,

se há tantos que querem guerra,

e você, e eu?

podemos acender uma luz ou focar

ações e atos de amor.

Por pequena que seja a luz,

faz a diferença em meio da escuridão...

Seja luz e sal da Terra com os outros

que são energia e terra como você e eu.

J B Pereira
Enviado por J B Pereira em 04/05/2014
Reeditado em 20/05/2014
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