DA GREVE NO IBILCE
Falo, primeiramente, de um lugar pessoal e particular e ímpar e quantos adjetivos caibam: ao entrar na Universidade, por conta de minha formação social, sempre tive um posicionamento contrário às greves.
Primeiro porque acreditava que greve era um movimento revolucionário fajuto, sem organização, sem pensamento, sem controle. Um movimento de loucos e de pobres e de insatisfeitos. De sonhadores, utópicos.
Eu acreditava que os problemas da Universidade não me iriam afetar em nenhum momento dos meus quatro anos de graduação.
Contudo, com o passar dos anos, percebi que o MOVIMENTO ESTUDANTIL é legítimo. Que a greve, em muitos casos, é apenas o resultado de um processo de descaso, do famoso “empurrar com a barriga”.
Mudei minha visão. Mudei meu modo de pensar. E agora, falo de um breve do que vem ocorrendo: vários câmpus da UNESP entraram em greve: estudantes dos câmpus de Marília, de Assis e de Ourinhos.
As reivindicações transpassam os limites do particular de cada um dos câmpus, atingindo um geral: a estrutura da Universidade. Os problemas de Permanência Estudantil, tais como, o restaurante universitário (RU), as moradias, as bolsas de permanência estudantil, etc., e a recente aprovação de um dito programa de cotas sociais e raciais, o Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista (PIMESP).
Agora, particularmente, sobre a permanência estudantil no Ibilce. O RU não comporta toda a demanda dos alunos, dos docentes e dos funcionários. Além da questão da alimentação, o “onde morar” também assola os alunos: apenas 64 vagas na moradia! Esse ano, tivemos 103 inscritos, dos quais 39 estudantes não conseguiram vagas. Imagem agora: com menos de 35% de vagas destinadas aos alunos oriundos da rede pública, imaginem como será quando tivermos 50%? Ainda sobre o IBILCE, temos o problema do ambulatório, da falta de especialidades. E, por fim, indo ao encontro dos vários câmpus, acredito que a falta de docentes concursados e efetivos nas disciplinas seja um problema geral.
Como vimos já, diversas entidades do estado vêm se manifestando contra o PIMESP, como a Associação dos Docentes da USP (ADUSP), o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da USP e da UNICAMP e as Congregações de diversos câmpus da UNESP (como em Rio Preto). Entretanto, mesmo com grande parte da comunidade da Universidade se posicionando contra o programa, a UNESP aprovou o PIMESP em seu Conselho Acadêmico, instância máxima de decisão.
Em suma, baseado no exposto, sou favorável a uma greve! Uma greve não partidária, nem uma greve “férias”! Mas, sim, uma greve engajada! Com discussão, com pensamento, com reflexão!
Estudantes, colegas, posicionem-se! A greve é a solução no momento, é o único aparato que temos! E, sim, ela é legítima, ela está aqui e agora!