( Eu como oradora da turma)


Discurso

Colação de grau festiva

1ª turma Pedagogia

Universidade Federal de Juiz de Fora/

Universidade Aberta do Brasil

Pólo de apoio presencial-Coromandel

 

Sônia de Fátima Machado Silva

Formanda em Pedagogia pela UFJF/UAB

 

 

07 de Outubro de 2011

Cumprimento a Excelentíssima Sra. Prefeita Dione Maria Peres na pessoa de quem cumprimento todos os integrantes da mesa; familiares, demais presentes, caras colegas!

 

 

Sônia de Fátima Machado Silva

Formanda em Pedagogia pela UAB/UFJF

 

Gostaria de começar dizendo em nome de todas nós formandas de Pedagogia e através das palavras Martin Luther King um dos mais importantes líderes do ativismo pelos direitos civis no mundo que "Não somos o que deveríamos ser; não somos o que queríamos ser; mas graças a Deus, não somos o que éramos".

 Sim. Hoje, nesse dia especial, podemos dizer com certeza que já não somos o que éramos e é com muita alegria que nos reunimos nesta noite para festejar a tão sonhada conquista de nossa formatura. Uma formatura que representa não só o sonho de cada uma de nós, mas uma revolução no campo educacional quando pudemos sentir a experiência de um curso basicamente tecnológico que venceu a barreira de tempo e espaço. A experiência deu certo e por isso hoje estamos aqui. Somos privilegiadas e vitoriosas, pois conseguimos superar os desafios que nos foram impostos durante nossa trajetória e já não somos as mesmas de antes como já foi dito.

Aprendemos durante esses quatro anos de graduação em Pedagogia, a importância e a necessidade de superar antigas visões e travestir-se de um novo olhar. Um olhar reflexivo-crítico que enxerga nas entrelinhas dos fatos, dos significados de mundo... Um olhar que se projeta para o futuro e busca se desvencilhar das amarras do tradicionalismo do passado...  É esse olhar, por vezes embaçados pelas lágrimas de emoção e saudade antecipada, mas nem por isso irracional, que nos faz atravessar a barreira do tempo e voltar àquele 20 de outubro de 2007 quando começou de fato essa trajetória, para depois irmos novamente traçando o caminho que percorremos desde então. 

Nesse caminhar vivemos as primeiras expectativas quando viajamos para conhecer a Universidade Federal de Juiz de Fora, umas das mais conceituadas do Brasil, onde, a partir de então, seríamos alunas. Vivemos a expectativa da própria viagem misturada à emoção de conhecer outras paisagens e pessoas; a emoção de escrever em um pedaço de papel com letras trêmulas nossos sonhos e anseios e depois colocá-los em uma garrafa de coca-cola para serem revistos apenas no final dessa trajetória; a emoção dos folguedos de todo calouro naquela pousada Recanto de Minas... Lembram-se? E depois, a emoção da recepção no Ritz Hotel quando o professor Flávio Takakura abriu a cerimônia dizendo: “a partir deste momento, vocês passam a fazer parte da grande família da Universidade Federal de Juiz de Fora. Assim como nos orgulhamos em tê-los como nossos estudantes, esperamos que se orgulhem em fazer parte da terceira melhor universidade brasileira”. Quem de vocês se lembra dessas palavras?  E como esquecer também a expectativa e emoção da aula inaugural no anfiteatro da Faculdade de Educação quando conhecemos toda a equipe desse curso?

De volta à realidade começou a trajetória acadêmica. Os desafios... As lutas...  As renúncias... Os conflitos com a tecnologia e o tempo... Bem sabemos o isso significa não é? Quantos foram os momentos em que pensamos desistir de tudo! Algumas desistiram... Nós estamos aqui...  E no rebobinar dessa fita de quatro anos perpassa certamente pequenos fragmentos de oficinas presenciais- únicos momentos em que estávamos todas juntas-; as experiências de estágios; as discussões em fóruns onde aprendemos umas com as outras; as angústias e certezas que iam tomando formas a cada leitura de um texto ou na construção de nossa Monografia; os hot potatoes e wikis- quem não se lembra deles? Os questionamentos de nossos tutores a distância que nos forçavam a buscar uma forma mais crítica de rever antigas pedagogias; a fortaleza de nossas tutoras presenciais que sofrerem conosco as mesmas ansiedades e alegrias... Elas foram mães, irmãs, amigas, cúmplices, mestras...

São tantas lembranças não é?  Boas ou ruins... Não importa!!!   O que importa é que somos o resultado de tudo isso. De fato, já não somos mais as mesmas de antes, pois como dizia Tardiff & Raymond nesses nossos estudos, nossa identidade pessoal e profissional é construída a partir de tudo isso: das lembranças e das experiências.

Então é por isso que, apesar de o momento ser de pura comemoração, não podemos deixar de avaliar o quanto de essência desses fragmentos de lembranças e experiências desse percurso de quatro anos couberam em nossas estruturas...

Das certezas, repito: já não somos mais as mesmas de antes e, assim como Anne Frank vítima do nazismo na Alemanha, devemos olhar para nós mesmos como se fôssemos outras pessoas a nos olharem.  Isso parece ser necessário quando precisamos medir criticamente todos os nossos passos: os de antes e os de agora. Afinal nos tornamos pedagogas e a educação está carente de professores capazes de formar também sujeitos críticos, autônomos e solidários para viver em uma sociedade, digamos volúvel, e a cada dia mais exigente.

Ao educador de hoje compete o desafio de refazer a educação. Reinventá-la... Ao educador de hoje compete criar alternativas pedagógicas que favoreçam um novo projeto social e político que construa uma sociedade mais justa e mais igualitária.

É por isso que hoje dizemos que acabamos de vencer, não a batalha, mas uma batalha dentre muitas que virão. Conquistamos uma vitória... Nas diferenças formamos nossa identidade... Construímos um saber... Amadurecemos... Passamos por momentos difíceis, felizes e enaltecedores e já não somos mais as mesmas. E então chegamos aqui... Agradecemos a Deus, aos familiares, aos amigos, aos mestres e a todos que nos apoiaram e nos guiaram no trilhar deste caminho...

E para concluir digo a todas nós através das palavras de Cecília Meireles que "Não sejas o de hoje, Não suspires por ontens... Não queiras ser o de amanhã. Faze-te sem limites no tempo. Vê a tua vida em todas as origens. Em todas as existências. Em todas as mortes. E sabe que serás assim para sempre. Não queiras marcar a tua passagem. Ela prossegue. É a passagem que se continua. É a tua eternidade... É a eternidade, És tu”.

 

Obrigado!!!!!!


( Amanhã, dia 07 de outubro, estará fazendo um ano desse dia especial em minha vida. Nesse dia não teve tempo nem de meu coração acelerar e as pernas fraquejarem( meu grande medo). Subi ao palco da casa da cultura e olhei aquele salão cheio de gente e então comecei a falar com uma emoção que nunca pensei exisitir em mim. E não tremi hora nenhuma. Quando fui receber o diploma recebi os cumprimentos da prefeita também pelo  discurso. Ela se demorou segurando minha mão a elogiar-me. Depois no coquetel o responsável pela TV local veio em meu encontro e parabenizou-me. Disse que em toda a sua vida nunca tinha ouvido um discurso tão lindo e ainda me pegou de surpresa dizendo que queria que eu dissesse algumas palavras para a Tv. Falei. As palavras foram saindo assim como nunca pensei. Digo isso com emoção porque tímida que sou nunca imaginei que pudesse ser capaz. Mas aquele dia especial fez de mim uma outra pessoa e como eu disse no discurso: eu já não era a mesma de antes. Nesse dia especial também recebi uma placa de homenagem representando todos as minhas colegas de curso. Foi a amaior honra. Uma surpresa que eu jamais imaginei. Foi um dia feliz. Saudades!!!