Lavem as Mãos meus Irmãos
Quase tudo o que minha mente e meu ser investigaram a fundo é condicionado, relativo, tendendo para finalidades, causas, efeitos e reações. Todas as pessoas as quais chamei de “meus amigos” ainda são meus amigos, embora a grande maioria não goste mais de mim, ou é indiferente, ou torce pelo meu fracasso, ou não dão a mínima para mim, ou me odeiam. Não os culpo, porque a culpa nem é minha e nem é deles.
Se tudo é transitório, o próprio tudo é, e a própria transitoriedade também é. Por essa lógica, deve existir, ou já existe, ou ainda Virá algo de eterno? Entremos na matemática, e estudemos o ramo das Probabilidades: pode ser que sim, pode ser que não. O tempo há de re-velar as coisas, os fatos, os enigmas. O que também percebi de acordo com o que eu disse bem no início é que se os relacionamentos acabam, as amizades, ou qualquer outra coisa, é porque a maioria das pessoas é narcisista e egocêntrica, e se o outro não mudar pela pessoa amada, ou que se diz amar, então o tratado do amor, dos relacionamentos é rasgado e queimado, e apenas sobra cinzas da raiva, frustração, e mágoas.
Vejo muito nisso que a humanidade tem complexo de Deus, no sentido em que querem ser os ditadores de suas vontades e verdades absolutas para eles. E olha que Deus por meio de Cristo é o ser mais compreensivo, tolerante, prestativo, atencioso, um verdadeiro amigo e psicólogo como relata o Novo Testamento. Já a humanidade, vocês, eu, nem de longe seguimos os princípios do sermão da montanha, pois se a humanidade tivesse seguido, o mundo seria hoje um lugar melhor, e não teria ocorrido incontáveis guerras “santas”, retaliações, milhões e milhões de pessoas assassinadas em nome de Deus, de doutrinas, de pontos de vistas que divergiam entre seus próprios semelhantes, pois foi Jesus que sempre pregou o pacifismo, a tolerância, a abnegação, a vencer o mal através do bem, e não por meio da espada, de bravatas, de ultimatos, de fogueiras, do dinheiro, do fanatismo e mentiras.
Vivemos numa época das maiores crises que a humanidade já passou: vivemos em cúpulas de um pseudo-moralismo, um pseudo-cristianismo, pseudo-desenvolvimento e progresso sempre baseado em obter bilhões de dólares, ou euros, ou reais, destinados a fantasmas bastante corpóreos que sempre têm contas, carros e casas suntuosas.
Tudo baseado em aparências, em estéticas, em sorrisos e corpos artificializados, quando os verdadeiros órgãos mais essenciais de nossos corpos são muito pouco utilizados: pensar por si mesmo, se auto-desenvolver, se auto-definir, evoluir a mente, as virtudes que estão tão atrofiadas em nossas almas. Mas a geração Y ou W somente buscam o imediatismo de tudo, e em tudo, como disse o poeta Álvaro de Campos: “Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. Onde é que há gente de verdade no mundo?” Todos querem resultados, pedem resultados, forçam resultados, mas o conteúdo, a essência, a interioridade, onde ficam? Para quê servem?
Bem, é isso: cada qual com seu iphone, notebook, MSN, com suas drogas e suas diversões; com seus empregos e salários; com suas sabedorias de fim-de-semana e de mesas de restaurantes; cada qual imerso em sua própria solidão, lamúrias, arrogância e individualismo, e afinal de contas não é culpa nossa se há milhões de pessoas que não têm moradia, comida, água, educação, ou vivem no mundo da criminalidade. É isso mesmo: risquem de todos os livros, dicionários, e da mente humana, e de seus corações, palavras e expressões tais como “dignidade humana”, ou “compaixão, amor, compreensão”. Rasguem e queimem também as páginas da Constituição que afirmam nossos Direitos e Deveres. Deixem só os Deveres, as Obrigações, pois o único “Direito” das Pessoas é elas se auto-iludirem em pensar que todos têm “Direitos”.
Façamos como Pôncio Pilatos: “Eu lavo as minhas mãos. O sangue dele(s) caia(m) sobre vós”.
Gilliard Alves Rodrigues