Infeliz Comentário de um Grande Jornalista

Essa semana eu fiquei surpreso com um simples comentário de um grande jornalista de esporte de uma grande emissora de televisão. Uma fala que põe em cheque todas as questões de valores que estamos passando para os nossos filhos e filhas sobre responsabilidade, saúde, vida e impunidade.

Estou falando sobre o jogador de um grande time que, há dois anos , foi pego no exame anti-dopping por uso de cocaína. Esse atleta levou dois anos de punição e, no entanto, a pena foi reduzida para 6 meses (sinceramente não entendo o porquê).

Agora, esse jogador será sentenciado essa semana pela instituição maior do futebol e aí vem a minha indignação. Após a reportagem, esse repórter dessa grande emissora vira para câmera e diz: “Boa Sorte, fulano!”.

Boa sorte? Como vou explicar para o meu filho que está ao meu lado vendo a reportagem e me pergunta: Pai, por que estão desejando boa sorte para ele? Como explicar ao meu filho, fã desse atleta, que ele usou droga, mas o repórter deseja que no final ele fique bem, sem ser punido.

Trabalhei muito tempo com crianças entre 12 e 17 anos tentando levá-los para o esporte sem drogas. Só quem vive isso sabe o quanto é difícil nadar contra a correnteza, pois enquanto se tenta colocar dignidade e responsabilidade na cabeça desses jovens, os seus ídolos estão fazendo justamente o contrário e, o pior é ouvir de uma pessoa pública um “boa sorte” dentro de um sorriso de felicidade. Isso é um balde de água fria para quem procura fazer trabalhos sociais com essa juventude.

Independente do atleta, do famoso repórter ou da grande emissora, não podemos ser parciais com quem quer que seja. Principalmente quando é uma pessoa que nossos filhos carregam como referência. ”Ora, se ele fez isso sem ser punido, por que eu também não posso fazer?” acho que é essa a frase que fica passando nas cabeças dos nossos jovens quando vêem uma situação lastimável como essa.

Eu não acompanhei o final dessa história para dizer se o atleta foi punido ou não pela entidade maior do futebol, sinceramente espero que tenha sido. Estou apenas desabafando sobre a péssima atitude do repórter que poderia ter ficado calado demonstrando a sua imparcialidade, mas jamais poderia ter dado forças para um atleta que burlou a premissa máxima de que esporte e drogas não combinam.