Saudação aos novos policiais
O autor é Delegado de Polícia aposentado (*).
Prezados colegas,
Desejo boas vindas e muita sorte na carreira que agora abraçais. Não sei se dou parabéns ou lamento vossa escolha. Mas se houve escolha é certo que alguma afinidade tendes para com esta profissão. Não acredito que seja somente o interesse pelo emprego ou outro qualquer. A atividade policial antes de tudo é uma arte, porque seu exercício não se limita a fórmulas ou receitas imutáveis. Depende, portanto, de cada componente no exercício nobre de seu mister diante do fato concreto que irá se deparar cotidianamente, a se tornar um artífice, um artesão, enfim, um artista no melhor desempenho. Não se aprende a fazer polícia, se aprende fazendo polícia. Logo é preciso muito cuidado para que o aprendizado não seja errado, equivocado, distorcido da realidade e dos propósitos legais e humanísticos. A profissão é uma das mais perigosas, mas uma das mais importantes. Uma das mais censuradas, mas uma das mais invejadas. Uma das mais criticadas, mas uma das mais admiradas. Uma das mais sacrificadas, mas uma das mais gratificantes. Uma das mais incompreendidas, mas das mais respeitadas. Não tenhais vergonha de ser ou de desempenhar um papel coadjuvante na Polícia. Lembrai que uma orquestra, que tem o trompete, mas não parece completa sem o prato. Tem o violino, mas estará incompleta sem o címbalo. Que tem a flauta, mas precisa da tuba. Os instrumentos que parecem os menos expressivos são aqueles indispensáveis na marcação e no ritmo, por conseguinte à perfeita condução de uma sinfonia. Sois todos importantes. E, muito importantes. E é preciso que façais que essa importância seja sentida e disponibilizada. Muitos de vós estais aqui de passagem. Alçarão voo para outras paragens, sendo isto aqui apenas um ciclo, uma etapa. Mas sejais dignos, honestos para com esta atividade, dedicando parte do melhor de vós. Por mais rápida que seja a passagem por esta atividade sejais solícitos às pessoas que procuram a prestação deste serviço, a vossos colegas e para consigo mesmos. E ao saírem daqui, seja porque decidiram ingressar em outra atividade ou pela aposentadoria, façam-na com a sensação e a convicção do dever cumprido, e parafraseando o apóstolo Paulo dizer: Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a dignidade. Sejam bem- vindos, sede felizes com a ajuda de Deus. Amém.
Castanhal, 21 de julho de 2000
(*) E, em julho de 2000, quando trabalhava na cidade de Castanhal-PA, sede da Regional do Salgado, o autor foi incumbido a fazer a saudação de boas vindas aos novos policiais – delegados, investigadores e escrivães recentemente empossados e que haviam sido designados para atuar nos municípios vinculados àquela regional e que ali foram para receber as recomendações para o exercício do cargo.