Aniversário de casamento do Mário

          
           
Quase todos do recando das letras quando veem um texto em que o Mário aparece logo o associam a termos eróticos, mas esse rapaz tem uma história linda de vida; é um homem de passado exemplar, tanto na vida normal como na profissional, quando dera exemplo de verdadeira honestidade, nunca se aproveitando de cargo algum em benefício próprio ou de familiares, era um sujeito honesto com a sua própria consciência.

            Quero, agora, com a permissão dele, reproduzir uma fala de improviso no seu último aniversário de casamento, gravada que fora por mim na ocasião do evento, simples, porém sincero. Dirigia-se a sua esposa.

                Minha querida:

            Hoje, exatamente hoje, quatro de maio, completamos mais um ano de casados. Ainda me lembro do primeiro encontro, quanto a vi tão linda e radiante diante de meus olhos, na murada da casa de sua avó, na festa da padroeira de sua cidade.

            Lembro-me de seu olhar certeiro como uma flexa em minha direção, você que estava na companhia de seus familiares, e suas primas também ficaram deveras impressionadas comigo. É que, para ser ainda mais notado, parei em frente a um pobre que pedia esmolas na calçada e o gratifiquei, mas fora de bom grado. – Hum, caridoso, hem!

            Claro que aquela atitude poderia ter sido a gota d’água para a sua conquista, sim, você me conquistou. Sendo uma menina de boa criação, dedicada aos estudos e uma benfeitora dos pobres, aquele procedimento atingira de pronto, como uma flecha, o seu bondoso coração.

            Você se recorda de como fui enxerido e corajoso, próprio de nordestino, quando você, assim como quem nada quer e querendo saíra com suas amigas em direção à capela, subindo aquela ladeira íngreme, dando uma rápida olhadinha pra trás como quem se pergunta: “Será que ele está vindo”? Não era aquilo que você queria!

            E eu lá estava seguindo os seus passos, você meio nervosa, pois nunca havia namorado alguém. Seu vestido longo e largo lhe dava uma correta combinação com o seu corpo e a sua fisionomia... Também, fora costurado pela sua mãe, não é verdade? E o que é que uma mãe não faz para embelezar os seus filhos! A sua, todavia, era demais... Quanta saudade guardo dela em meu coração!!!

            Quando encostei e fui logo pegando a sua mão você se assustou. Que cara intrometido! Paramos no meio do caminho, você me indagou do que eu queria, e foi justamente quando seu pai, vigilante como sempre, encostara. Você me o apresentou, e eu com aquela cara de bonitão: -- Boa noite senhor, quero lhe comunicar que a partir de hoje estou namorando sua filha. Seu susto fora ainda maior, mas ele consentiu logo naquela oportunidade, mas falara: “Filha minha só namora no portão de minha casa!”. – Isso é mesmo o que quero, senhor.

            Eu até me recordo que com vocês fui à missa, não sei se para dar a impressão de que era religioso, mas com certeza até muito compareci a celebrações da eucaristia; cantava no mês de maio aquelas músicas religiosas, e até o vinho do padre eu ia buscar no convento; não vivia tão longe do mundo religioso, apenas o tempo me era curto, até porque trabalhava numa empresa representante de xarque, quase sempre fazendo horas extraordinárias.

Quando me lembro que vários dias almoçava aquela carne com farinha, em face de não possuir o dinheiro da condução para fazê-lo em casa, embora lá também não fosse servida comida muito melhor, minhas forças se renovam e mais preparado me considero para a luta.

            Até já falei um segredo. Numa das vezes em que trazia o vinho para a igreja, a minha curiosidade de prová-lo era tão grande, que das seis garrafas enviadas somente cinco foram por mim entregues. – Oi só cinco, indagara o vigário? – Desculpe, padre, é que uma caiu na calçada e se quebrou. – Tem nada não mei filho, respondera. Ai se ele soubesse que quebrara na minha barriga, nunca vi bebida tão gostosa em minha vida!

            Daí em diante os nossos encontros semanais eram como se fossem um relógio suíço...nunca faltei um dia sequer. Eu vinha do interior do Estado todas as sextas-feiras e me dirigia a sua cidade para vê-la pessoalmente, já que em pensamento eu a presenciava a todo o momento; você conseguira o que nenhuma menina o fizera até então...ferrar-me com o seu possante anzol.

            Você continua bela como antes, a cada dia que passa a sua beleza, na sua inteireza, se agiganta, e o nosso amor parece ter nascido para sempre, como uma muralha indevassável a proteger as nossas vidas e os nossos sonhos. Nossos filhos estão aqui presentes e continuam a nos ajudar nessa caminhada elaborada pelo Criador, o Grande Arquiteto.

            Neste singelo jantar, que lhe ofereço, está presente o meu preito de gratidão por todos esses anos em que você me fez feliz...muito obrigado, minha querida, eu sempre adorarei você...

 

Em revisão.

           

ansilgus
Enviado por ansilgus em 06/05/2010
Reeditado em 02/08/2010
Código do texto: T2240657
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