A famigerada vida do estudante de Direito
Aquele adolescente que conclui o ensino médio e está prestes a ingressar na faculdade de direito, está fadado a encontrar pelo caminho percalços e obstáculos próprios dessa profissão que ele escolheu. O Direito, sempre tão valorizado, tão exclusivo, hoje equivale-se a um cursinho do Senac, que tem em toda esquina, qualquer um faz, qualquer um passa. E por que isso? Porque os órgãos reguladores (leia-se MEC) não tem interesse algum na qualidade do que é ensinado a esses futuros operadores do direito. Sabe que a eles pouco importa, que a sua responsabilidade é mínima.
Explico: todos os dias pipocam novas faculdades de direito, aprovadas pelo MEC, que exigem uma mínima noção do que seria um curso superior de qualidade, e então, autorizam a receber alunos em salas de aulas, muitas vezes com professores despreparados, sem qualificação, mas que ao MEC não interessa. Essa política de expansão do ensino superior deveria ser colocada na balança em razão de uma expansão com qualidade. Expandir por expandir é como construir uma casa sem telhado. Mas enfim, o MEC não se preocupa pois sabe que, independente do tipo de curso que está autorizando, tanto o melhor quanto o pior, ele não forma advogados, não forma juízes, não forma promotores. Forma simplesmente bacharéis.
O bacharel em Direito é um "profissional" inapto a exercer qualquer tipo de atividade que é tão divulgada no leque de possibilidades que esse curso oferece. Para que a faculdade de direito possa ser utilizada, é preciso, em 99% dos casos, a aprovação em uma prova. Seja OAB ou concurso público, não é após a colação de grau que os bacharéis saem por aí, aplicando seus conhecimentos e distribuindo "data venias" pelas ruas. É preciso mais, é preciso mais que 5 anos de estudo, dedicação e empenho, e muitas vezes, muito dinheiro investido, para que possa exercer. É preciso ser aprovado em um concurso.
O diploma de bacharel em direito por si só vale tanto quanto uma passagem pra lua. É um quadro bonito a ser exposto na parede. É um profissional que comemora a formatura, mas sabe que, se não houver uma outra aprovação em frente, de nada terá valido aquele tempo de estudo. E temos então uma série de faculdades surgindo, e surgindo e surgindo...
Estudantes de direito existem aos magotes, e desses, haja vista o índice de aprovação no exame de ordem, muitos permanecem como Bacharéis. As vezes vale a pena prolongar o estudo, permanecer mais tempo que o necessário, pois assim, pelo menos poderei atuar como estagiário. Quando me formar, nem isso poderá acontecer. Terei só um quadro pra botar na parede.