A Vida e a Vida dos Marginais da Educação
A gente viaja vários quilômetros todas as manhãs para ver aula. A gente: estudantes universitários do interior do Ceará.
Passa por estrada ruim, por gente no asfalto, casa ao longe, bicho. Passa por tudo para chegar no futuro. Parece a lógica do sofrimento moderno: entregar-se ao falgelo do conforto do veículo (nem sempre confortável) para se chegar à algo que, cada vez mais, está nas mãos dos brasileiros. Ensino parece algo tão longe do universo médio-baixo da nação... Ensino Superior nem se fala.
Em dias de luta estudantil contra o sistema corrupto da educação, ser estudante parece que se tornou uma meta na vida de cada ser deste país... Tentam, tentam mais não podem convencer todos a estudar. Ser um mero enfeite com um jaleco bonito não dá um futuro descente, dá? Aí o aprendizado fica a mercê das críticas pesadas. A culpa sempre é daquele que mais tentou colocar a sociedade no rumo certo. Bibliotecas são piores que cemitérios...
Livro tem lá, gente pra ler é que não tem.
O problema é esse: o brasileiro é desleixado. Fica esperando uma solução para educação que o ponha lá dentro do colégio ou da faculdade sem que, para isso, esteja sujeito à alguma cobrança pelo que aprendeu antes... Que antes?
Temos oportunidades... Temo-las em cheio e temos base para partir, mas a coragem do marinheiro se resume ao trecho navegável de um córrego... É isso, nossa vida é um Tiête, tão limpo, mas ao ser tocado pela impureza da selva de pedra se torna parte degradante da sociedade... Marginal do Tiête...
Sem educação, sem o querer... Seremos sempre os marginais do mundo.