Três dias de descarte!
Foram três dias de trabalho intenso, em uma atividade que só eu poderia com perfeição fazer, mais ninguém! Primeiro fiz um pacto. Não haveria quem se intrometesse, nem mesmo reclamaria do que resultasse o descarte provocado por minha revolução no lar. Descobri o que não me lembrava Gerei em mim um pensamento antigo, mas que por anos teimei em estacionar. “Se na casa do caramujo tivessem armários e caixas de inutilidades? Como ele andaria com ela nas costas? Até subindo parede!” Enfim, meu exercício foi melhor do que uma academia de ginástica, para onde se vai pensando somente em nosso corpo; mesmo que através da vitrine defronte a calçada sejam vistas dezenas de pessoas que não têm casa. Moradores de rua!
Final de exposição agropecuária e dezenas de animais expostos, uns amarrados nas baias aos olhos dos tratadores e outros, como eu, andando solto pelo parque aos olhos de uma multidão. Estava naquele momento de roupa nova, calça jeans que raramente uso, e para compor um quadro de fazendeiro comprei em um dos stands um chapéu de couro que me fez parecer um coronel! Fazendeiro de mentira que nem em acostamento de rodovia planta alguma coisa; coronel de barranco, personagem muito comum das histórias de nosso Sertão! Afinal ainda teríamos quatro dias de falsos sorrisos e corteses e interesseiros apertos de mão, naquele evento onde os corpos dos homens e das mulheres são mais observados do que os dos imponentes cavalos, bem mais do que as tetas das vacas ali expostas.
Enquanto saboreava o churrasco pelo qual paguei o preço da vaca, coloquei o pensamento em outros chapéus que fiz uso em cada exposição passada. Estariam no compartimento em cima do guarda-roupa ou em uma caixa de papelão no fundo da garagem? Onde também estariam mais de uma centena de bonés que ganhei como brindes durante anos e usados uma só vez, no dia em que me deram! Desde a penúltima mudança de residência não promovia um descarte, a casa estava “pesada” e já complicada para se achar algo no meio de tantos entulhos acumulados. Coloquei-me na posição de um caracol cheio de peso, ao ponto de não subir nas paredes, não ultrapassar as muralhas! Não só os chapéus anteriores, onde estariam roupas que não mais uso, fotografias, documentos, enfim a traia que por tempo adquiri?
Domingo antes do último show voltei para casa. A mulher os filhos já saturados de parquinhos e outras diversões, todos de roupas novas. Já em casa, na primeira volta da chave tomei uma decisão, faria aumetar o espaço dfe minha casa, e para isto os catadores da coleta seletiva e reciclagem do lixo que viessem preparados. Achei os chapéus mofados em uma gradne caixa de papelão no fundo da garagem, e ai tudo mudou. Fui a cada uma caixa que a muito não revirava e a cada armário que a muito não abria separando coisas que mas não usava! Rasguei mais de mil papéis que não tinham mais sentido em existir em poder, separei roupas que eu a mulher e as filhas já não usamos por algum motivo, brinquedos já abandonados pelas crianças, calçados de poucas andadas. Meu armário de sapatos parecia o de Imelda Marques, a celebre rainha colecionadora de sapatos, em pais de milhares de pés nos chãos.
Dei tudo que me entulhava, até um velho computador trocado por uma de nova geração, uma bicicleta que não mais usei depois de minha operação do coração, um video cassete que trocamos pelo DVD. E a pilha de jornais que guardava lá no escritório, para que guardar? O político que esta na manchete já foi solto, para minha tristesa; portanto uma má recordação! Hoje a casa esta mais espaçosa, menos lugares para abrigar insetos e possíveis ratos. Agora ouço agradecimentos: “Seu Pedro eu precisava de um...” Tudo mudou, minha casa ganhou mais espaço para o amor em vida e para minha alma passear após morte, sem pesos do passado! E tenho a certeza de que um dia, o dia da minha despedida da terra, não me atormentará a mente com coisas que deixei, quando poderia tê-las feito seguirem úteis!
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Seu Pedro comunica que na mesma caixa velha em que há um "porta-jóias", que já tem como candidato um novo dono, têm tmbám sobrando "porta-amor", alguns antigos e disponíveis na embalagem original.
Deixando o que agora está abastecido, aqueles que se dispuserem enchê-los podem levar algum destes!