De novo futebol...
Recentemente lendo uma série de reportagens sobre técnicos de futebol, cheguei a conclusão que pode ser uma função totalmente ingrata. Os técnicos bem sucedidos geralmente ganham muito bem. Então quanto à realização financeira cem por cento.
Mas quanto ao resto? Um técnico de futebol não tem pátria. E também não tem time. Time sim, você diria que tem sim. E é aquele time do coração, que ele deve torcer desde eu aprendeu a andar. Mas de resto ele é torcedor do time em que está atuando no momento. E olha que com certeza ele deve torcer bem mais para o time que está sob sua responsabilidade, visto que se o time começa a perder ele fatalmente também perde. Perde o emprego.
Já teve técnico que veio não sei da onde, fez o time ficar bem posicionado. Função garantida. Manda trazer a família, que até então só tem ouvido sua voz, por telefone. Já que uma estrutura familiar não consegue andar ao ritmo das mudanças constantes de cidade, que o técnico tem que fazer. Então o técnico estava com apartamento locado, camionetão comprado e mudança a caminho.
Pois bem ele foi demitido, o time não andou muito bem como todos esperavam. Mais uma vez por telefone, ele avisa a família que não venha neste caso ele retorna. Acho que até que conseguiu chegar antes da mudança ter cruzado o estado. Visto este exemplo (o da mudança) pátria também não pode ter, já que não fica muito tempo num mesmo lugar. Pode até permanecer por muito tempo no mesmo clube, mas com certeza continua viajando, e por ironia do destino quanto mais bem sucedido maior é o número de viagens.
Minha família passa quatro dias da semana dentro de um estádio de futebol ( por enquanto juntas) . Inúmeras são as histórias que teria para contar.
È claro que acompanho os técnicos das categorias de base, ainda não cheguei a conhecer tão de pertinho assim, um da categoria profissional ( o que sei sobre estes últimos são conversas de corredor..
Tem o técnico amigo. Aquele que com amor ensina. Com simpatia e devoção vibra todos os momentos em que seus pequenos atletas se superam. E chora, chora sim. Este Técnico emotivo tem um metro e noventa e dois, e mesmo assim chorou na despedida de seus pequenos (os garotos subiram de categoria). Foi realmente emocionante a despedida. Parabéns Tiaguito! Com seu profissionalismo e dedicação vai longe!
Tem aquele que é bruto que fala palavrão. È ríspido na hora de corrigir. Mas sabe o que eu percebi? Percebi que ele trata seus atletas como crianças em fase terminal. E já achei a explicação para isto. Não é que ele não goste dos meninos. De jeito nenhum. Dá para sentir em seu olhar atento a preocupação. A garra com que ele ensina estes meninos a serem cada vez melhores. Sabe por que ele é tão seco, mal humorado e ríspido??
Ele não quer se envolver. Não quer amar cada um deles. Não quer se entregar. É uma auto defesa. Visto que mais dia menos dia ele tem que cortar algum. É inevitável! Isto é futebol. Haverá um corte, seja por desempenho, seja por posição, talvez até por força física visto que nesta idade existe muita diferença de tamanho, de força, de maturidade.
Ou no melhor das hipóteses, eles vão subir de categoria quando trocar o ano. Não podem ficar a vida toda na sub -10. Uma hora eles vão fazer onze anos. A prova disto é o olhar amoroso que ele lança para a categoria que estava sob seus ensinamentos no ano passado. Tenho certeza que no ano que vem nossos pequenos atletas serão agraciados com este mesmo olhar!
Por isso papais e mamães, não fiquem tão melindrados. Vamos abrir a guarda. Vamos deixar nossos filhos á vontade! Sempre foi tão bonito os ver jogar. Por que todo este sofrimento agora? Eu prefiro ser uma mãe espectadora, não quero de jeito nenhum ser técnica, Deixo isto para eles!! Eu só quero ver o meu garoto fazendo o que ele gosta, e se aprender algumas técnicas, ótimo. O que vale é se divertir!! Se ele chegar a ser um profissional vou vibrar com ele. Se não?? Vou vibrar com outras conquistas dele , pode ter certeza.