Pequenino e faminto entrou pela janela!
A princípio me assustei ao chegar à copa de minha casa e encontrar ele a vontade, parecendo ser dono do imóvel, lanchando o bolo que eu havia deixado sobre a mesa. Como ele teria entrado ali, se deixei a casa trancada e luzes apagadas. Só os raios do sol entravam por uma pequena janela de ventilação, que permanece diuturnamente aberta, mas que por prevenção é atravessada por alguns fortes vergalhões. Ele pequenino deu seu jeito e passou, e saciava sua fome com que lhe sobrara do café da manhã de minhas filhas que adoram o bolo de abacaxi, que tão deliciosamente a minha esposa, amiga e coordenadora do lar, para surpresa da família prepara em algumas ocasiões.
Meu susto ainda me fazia bater acelerado o coração cujos médicos pedem para ter cuidado, mas me refiz ao olhar a fuga daquele pequenino pela janela por qual entrou. Fiquei feliz porque meu alimento não serviu só para mim, mas igualmente para uma criatura de Deus, que minha casa não invadiria sem o forte motivo da fome ou da sede! E por cima do muro sumiu em uma direção qualquer. O chamei de volta, mas ele na em entendeu, ficou com medo, e se foi. Mas é quase certo que ele voltará, e por que meus sentimentos me levam a quere-lo alimentado também, com as sobras que Deus me permite ter, retirei um dos ferros atravessados, abrindo mais o espaço por onde uma pequena criatura entrar.
Da natureza se tira exemplos; na fauna enxergo professores, mães e pais preocupados, animais ferozes que desmancham em alegria e se tornam como inocentes crianças na hora de brinca com os seus. Existe exemplo para tudo, até para o homem urbano preocupado como viver na cidade. Morar onde morar muitos, e ainda ter que gritar pelos direitos quase sempre negados ou dificultados, nos faz buscar o exemplo no pardal, pássaro urbano que na impossibilidade de encontrar um material padrão faz seu ninho com clipes de escritório, com casca de ovos, ou com palha quando encontra. Buscas seus direitos de liberdade, voa quando quer, mora na árvore que escolhe, faz coco na cabeça de muitos e ninguém o quer prender. É o pássaro da liberdade!
E naquele dia o pequenino me fez voar de volta ao tempo de menino, quando pulava a janela da cozinha, daquela casa grande, a procura do doce de leite feito por vovó! Não era um roubo mais coisa de menino levado, Não correto, mas perdoável. Daquela manhã agora, ao sair, deixo alguma coisa de comer. E na volta venho com cuidado para não fazer barulho para não o espantar. E fico apreciando a sua fuga pelos ares, e não sou eu que o levarei a uma gaiola, mas bem queria que aquele pássaro pardal, que não sei se é um macho ou uma fêmea, adotasse e minha casa a nossa mesa, mas com total liberdade de voar!