EXPLORADORES E INIMIGOS
Se os brasileiros tivessem senso histórico-político, nunca um candidato da direita sairia eleito. Aliás, candidatos da direita não sairiam eleitos em nenhum país se os povos tivessem senso histórico-político. Não que pobres não devam simpatizar com ricos, nem ser deles amigos. A sociedade existe por causa da relação entre as pessoas em todos os níveis sociais. Os mais ricos empregam a classe média e pobres em atividades remuneradas, gerando renda para indivíduos e parte da sociedade. Mas é justo esclarecer que empregar não é doar, tampouco é favorecer, e ninguém o faz por sua alma humanitária. Ao contratar, o empregador adquire o benefício da mão-de-obra do trabalhador. O trabalhador oferece sua mão-de-obra, pela qual o empregador paga o “justo” preço, o valor acertado, ou predefinido no mercado.
De certa forma há humanitarismo no empregar, pois o trabalho é o motor familiar e a família é o lastro da sociedade, mas quem se oferece para trabalhar de forma alguma é pedinte, apenas requer algo pelo qual se dispõe retribuir a altura antes de receber sua parte. Em regra, o trabalho do trabalhador produz benefícios para o patrão e tais benefícios superam em muito seu custo. Caso contrário, o patrão não contrataria. Reside aí a questão entre o pobre o rico, que comumente remunera mal o trabalho, justificando a disparidade entre o que o trabalhador produz e a remuneração que recebe com o argumento viciado de que o “mercado” impõe salários baixos.
Desde sempre o rico prevaleceu-se de suas condições favorecidas para pôr o trabalhador em situação desfavorável. E o maior trunfo é remunerar mal, mantendo o trabalhador em desvantagem na barganha mercadológica. Sendo que todos remuneram mal, sem suporte financeiro, tendo ainda que investir em atualização, o trabalhador não tem fôlego na barganha salárial, obrigando-se a trabalhar por miséria, correndo constante risco de perder o emprego.
Assim os patrões constróem mansões, compram iates, estocam carros, enquanto os que produzem suas fortunas não têm o básico, sendo que se adoecer o filho do funcionário o patrão se limita a desejar melhoras. É exatamente dessa forma que os ricos produziram a pobreza, a miséria e as favelas neste pais, produzindo também o criminoso pobre, que eles confundem na mente da sociedade dando a entender que o criminoso pobre, bem como o pobre em regra, são a causa da miséria da Nação. Em verdade, são as vítimas.
Portanto, embora o trabalhador possa ser ou se julgue amigo do patrão, este não é e jamais será seu amigo. Haveria então simpatia do pobre para com a causa do rico, se não há consciência da parte deste para com aquele?
Em regra, os patrões roubam dos trabalhadores – crime passível de enquadramento, mas quem se moverá em defesa da causa do pobre, se os bons advogados são movidos por fortunas?
Resta o governo para mediar o embate entre os poderosos e o impotente trabalhador, promovendo ou forçando justiça social, embora que pálida. Todavia, desde a colônia, os únicos que forçaram alguma forma de justiça social, certa distribuição de renda, foram os governantes da esquerda, que podem ser contados em menos de uma mão. Se dependesse da direita, se faria hora extra de graça, se trabalharia sábado, menores trabalhariam por meio salário, não haveria Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, nem Décimo Terceiro, tampouco féria, auxílio maternidade, Previdência e outras coisas mais, pois os políticos dessa tendência são comprometidos e aliados com os grandes empresários.
Por tudo é que o povo não deve ter simpatia pela causa dos ricos, não se iludindo com seus discursos de aparência social, privilegiados nos meios de comunicação, que fazem força para demonstrar imparcialidade, mas alfinetam os candidatos da esquerda, dando foco e volume para suspeitas em processo de investigação. As emissoras de rádio e televisão são propriedades de ricos, financiadas por ricos, pagam bem seus astros para atrair o povo com eficácia, privando-o de informar-se de sua própria história política, ficando vazio de posicionamento, deixando-se conduzir pelas histórias da carochinha dos vigaristas empregadores, que são a maior parte dos patrões.
Quem viu algum jornalista da esquerda sendo comentarista econômico, social ou político na televisão?
Wilson do Amaral