Tragando o ar matutino...
Acordei disposta a praticar uma boa caminhada. Sete horas da manhã, ar fresco, geladinho, perfumado.
Me vesti de acordo, e munida de meu Nike e minha garrafinha de água, fui as ruas.
Apesar de fazer um ano que estou morando neste bairro, ainda não conheço suas praças e calçadas.
Decidi me aventurar. Quer dizer nem tanto. Escolhi as avenidas mais movimentadas para exercer meus direitos de atleta.
Só depois de reconhecida às calçadas, é que haveria de procurar uma praça.
Na verdade já havia visto esta praça , um dia quando passei de carro. Minha dúvida era saber se naquele horário eu teria companhia. Já que morro de medo de ser assaltada, ou qualquer outra coisa ainda pior.
Caminhava a passos largos, dando profundas tragadas no ar fresco da manhã.
Sei que já falei em outros textos como sou louca pelo ar matinal. Mas quero reforçar agora, nada me contagia mais do que o perfume da manhã.
Pois bem, me sentindo a atleta, vinha tragando ares da manhã e planejando até a começar a correr, na próxima semana , quando já tivesse evoluído um pouco.
Adoro ver alguém correndo, acho o máximo, dá uma impressão de alguém com muito vigor, muita saúde!
Foi aí que, comecei a sentir uma dorzinha no meu dedinho. O que fica ao lado, do do lado do minguinho. Ou seja, contando do maior para os menores, o terceiro.
Olhei no relógio estava caminhando há dez minutos. Dá para acreditar? Mal havia começado minha caminhada.
E para piorar comecei também a sentir um incômodo no calcanhar. Aquela coisa de tênis raspando...
Mas não desisti, segui firme e forte. Tragando o ar matutino.
A dor no dedinho, estava ficando insuportável. Tinha alguma coisa me cortando!! A cada passo a dor aumentava. Aumentava tanto a ponto de eu nem sentir mais a dor no calcanhar.
Segui em frente. Quer dizer dei meia volta na quadra.
Se na ida estava sendo um sufoco! Imagine a volta! Quando mais longe fosse a ida. Mais torturante iria ser à volta.
Alcancei a praça. Mas não para dar uma volta. Para achar um banco e me atirar sobre ele.
E tirar os tênis. Tirar os tênis e as meias.
Ainda bem que estava com meu inseparável óculos de sol enorme e marrom. Assim ninguém saberia quem eu era...
Quando tirei a meia fiquei imediatamente surpresa, e numa seqüência rápida imediatamente perplexa.
Constatei que havia um cortezinho bem no meu dedinho. Parecia que uma pequena navalha havia atuado bem por ali.
Revistei o tênis. Virei de ponta cabeça. Tirei a palminha. Virei e desvirei a meia. Nada, neca de pitibiribas...
Fui para a casa sem meias, e sem tênis.
Primeira coisa que fiz (depois de rosnar para o meu marido, que ele não tinha nada que ver se eu só tinha andado quinze minutos) foi pegar o telefone , ligar para minha pedicuro e marcar um horário.
Só ela poderia cortar a pequena navalha que havia no quarto dedo, começando a contar do maior para o menor.
Talvez na semana que vem recuperada da lesão eu volte a me arriscar pela praça!