O SAPO INVISÍVEL
Fomos à Praia da Costa, com nossas netas, e ficamos no nosso cantinho preferido, em frente à pedra do sapo.
-Vovó Ana, por que aquele sapo não mexe, hem?
-Porque ele é de pedra, Dudinha.
-E por que ele é preto?
-Duda, Isadora, vocês querem saber de uma coisa? Vamos na água, agora!
As garotinhas “pegaram jacaré”, tomaram bastante “caldo” e rolaram para lá e para cá, na areia, até a exaustão.
Na volta, viemos as três no banco de trás do carro.
-Isadora, tire a mão do biquíni, por favor! Que coisa feia, minha filha!
-Ele tá cheio de aleia, vovó.
-Quando você chegar em casa, sua mãe vai te dar um banho bem gostoso e a areia vai sair todinha.
Daí a pouco.
-Tire a mão daí! Não já te falei!
-Eu tô tilano aléia da minha pepeca, vovó.
Maria Eduarda, vendo a teimosia de sua prima, disse:
-Isa, existe um sapo invisível, do tamanho de um prédio, todo pretão, com o olho grande, grande, grande, que come a mão da menina que põe a mão na pepeca, sabia?
-É mesmo, Dudinha?!
-É.
-Aonde ele fica?
-Láááááááááá, aonde passa o avião.
-Ué! Sapo voa?!
-Não, Isa, ele dá um pulo e fica lá em cima, olhando.
-E como ele vê a minha mão?
-Ah... Ele tem binóculo. Quando ele come a mão, ele procura outra menina para comer de novo.
-E a menina fica sem mãozinha, igual o Jesus na cruz, da casa da vovó Ana?
-É, sim.
A prima ficou com medo, tirou a mão da calcinha e finalizou:
-Pála de falá isso, Dudinha! A minha mãe falô que isso é feio! É muito feio, viu?