O Sacrifício
Os rapazes que serviram ao Exército se lembram para sempre que há somente duas maneiras de se alcançar um objetivo – com muito amor ou com muita raiva. De qualquer modo, não se alcança nada sem sacrifício. Expulsos do Éden, Adão e Eva deram início, pela Humanidade, do eterno e inesgotável sacrifício em nossas vidas. Começando pela vergonha de estarem nús, com o tempo o sacrifício dos mais esquisitos e extravagantes trajes, das armaduras da Idade Média, ao sacrifício da mini-saia no moto-taxi, da gravata, da toga, do calor imenso do paletó, do frio intenso do decote, do valor do casaco de peles. E, o sacrifício dos valores, quando se lembra quantos escravos foram sacrificados para a construção das pirâmides do Egito, nas geleiras da Sibéria, os tidos operários nas profundezas das minas de carvão, do ouro, os nordestinos nos seringais da Amazônia, os peões nas construções das estradas de ferro, nos lamaçais de novos caminhos. Na idéia de Hobbes – o homem lobo do homem - sempre com o sacrifício dos pobres pelos ricos, dos banqueiros pelos devedores, ainda que aposentados, acreditando todos alcançarem um mundo melhor, mesmo com as guerras do passado e as novas que, certamente virão. E, o sacrifício de centenas de processos nas prateleiras, do inocente preso, do doente esquecido ou sem cura. Mesmo com os novos avanços da ciência e retrocessos da fé, os novos sons em forma de música e o esquecimento dos clássicos do passado, os livros esquecidos nas estantes, a televisão ligada, os jogos e comunicações pelo computador. Tem o sacrifício de perder horas e horas numa comunicação pelo teclado numa interminável Internet, tentando evitar e esquecer o sacrifício da solidão, o sacrifício do dinheiro gasto para se eleger um prefeito, um governador, um presidente, para o sacrifício de se cumprir as promessas, nem todas elas salvas ou lembradas, muitas delas copiadas, como se copiam softwares e designes de lanternas e faróis dos carros, de cursos, universidades. Evitando o sacrifício da imaginação, se sacrificam com a idéia de copiar o mundo, muito longe daquele que Deus afinal criou, senão a corrupção dos homens que fez o Criador, arrependido da criação, encomendar Noé uma imensa arca para salvar um só modelo dos animais, sacrificando os demais. E, tome o sacrifício da espera, da eterna esperança, dos sem terra de tê-las um dia, dos esbulhados de tê-las de volta, dos pobres se tornarem ricos, dos ricos se tornarem simples e viverem a vida, finalmente, o sacrifício de todos nós, abandonados do Paraíso. E mais, o sacrifício das mães que perderam seus filhos, dos filhos os seus pais, dos entes queridos, parentes, amigos, de parte do corpo, a saúde, a fé, a vontade de viver. Só uma diferença faz da Humanidade de todo o sacrifício que vem trazendo consigo, Daquele filho de Deus, que resumiu o sacrifício em sua única vida, para mostrar ao Mundo o caminho, da verdade e da vida que todos deveremos tomar, para abandonar-mos finalmente todo o sofrimento rumo à Eternidade. Cristo, o único que, verdadeiramente, se sacrificou por nós.