O envelhecimento das cidades
Pois, ninguém podia imaginar que as cidades também têm vida e envelhecem com o tempo. Não aquele envelhecimento de cidades históricas, tombadas pelo Patrimônio Histórico e cheirando a mofo, apesar da beleza contida e do que representam para todas as gerações, do hoje, do amanhã. Mas, os jornais e a televisão têm mostrado como São Paulo envelhece, com seus viadutos com rachaduras, também o Rio de Janeiro, em qualquer lugar. São marquises pondo em perigo, como vem apontando o Corpo de Bombeiros através de vistorias, assim como o que vem sendo cogitado quanto as desperdício de água que flui pelas canalizações envelhecidas e de vazamentos. E, pode-se concluir facilmente, sem indicar qualquer parcela de culpa a gerações ou administrações passadas, porque o aeroporto, a estação, as escolas, nossas praças, nossas ruas, nosso asfalto, tudo envelhece. E, daí se percebe a grande responsabilidade do Estado. Afinal, não cabe ao Estado somente impor multas por infrações cometidas, seja do trânsito, de comportamentos diversos, agressão ao meio ambiente, pesca predadora, mas deveria também o Estado ser responsabilizado de alguma forma pelo envelhecimento desordenado das cidades. Como se deve cuidar de nossas crianças, de nossos idosos, cabe ao Estado, em que esfera for, cuidar não somente do nascimento de obras, muitas delas eleitoreiras, mas, principalmente, pela preservação e do envelhecimento urbano. Familiarizados todos às novas terminologias tais como mordomias, mensaleiros, cartões coorporativos, para tal fim, haverá ainda de sobrar moedas. Criar uma verdadeira geriatria urbana, aliada ao meio ambiente e, que fosse mais um Ministério do Governo Federal, Secretaria Estadual ou Municipal, mas alguém que estivesse incumbido de cuidar do envelhecimento de nossas cidades. Assim, não bastaria esperar uma dúzia de buracos no asfalto, para justificar uma concorrência pública, refazendo tudo, a cada vez mais onerosa e de pior qualidade. Nem que se esperasse que a chuva derrubasse a árvore, a enxurrada levasse o cascalho, o mato tomasse conta das praças, as estátuas pichadas e descascadas, as placas comemorativas soltando as letras, para que se tomasse alguma providência. A inércia deveria ser condenada, pois afinal, existe o delito da omissão. Os contratos para as edificações, construções de estradas, posteamentos, tudo deveria seguir rigorosamente a Lei, responsabilizando os infratores e o Estado pela omissão. Tudo resolvido desta forma, não teria placas de bronze no rejuvenescimento da cidade, mas para o cidadão que ousou o poder, teria próximo ao seu travesseiro a consciência do dever cumprido.