A INSUPORTÁVEL PRESTEZA DO SER
Sempre pronto a ajudar. Sempre alerta. Como um escoteiro. Qualquer que seja a dificuldade, lá está ele, como um super herói, pronto para salvar o dia e agradar todo mundo. Nem preciso dizer que primeiro: não tem a capacidade necessária para isso (nem o Batman teria!) e segundo: mais irrita do que resolve.
Mas ele continua. As vozes na sua mente insistem em dizer que ele precisa sempre dar um jeito em tudo. Resolver uma dúvida entre duas colegas sobre o uso da crase. Trocar a bombona de água de vinte litros na cozinha do escritório. Emitir um documento que não é de responsabilidade sua e sem muita importância, mas que um colega mencionou que deveria ter sido emitido ainda ontem. Limpar a mesa do Jeremias. Abrir as janelas para a Lorita respirar melhor. Afinal, ela está grávida...
- É menino ou menina?
Na verdade, está sempre no pé de tudo mundo. Quer participar de todos os assuntos, de todas as reuniões, de todos os bate-papos no meio da tarde. Tenta espalhar um ar de "como eu sou legal" mas, na maioria das vezes, só recebe de volta um olhar de "só não te mato aqui mesmo, porque não trouxe a minha arma pro escritório hoje". É triste ver a sua busca por reconhecimento e aceitação e conseguir, quase sempre, intolerância e alguns desaforos pelas costas.
- Que mala esse cara, hein?
Convivência em grupo tem disso. Tem esse tipo de figura e tem um outro tipo também: o que observa e se sente na obrigação de ficar falando o quanto "aquele mala" é patético. Esse tipo talvez seja ainda pior...
.
.
.
.
- Quem? Eu?