O CORONEL E O ESTUDANTE
Era nos anos 20,tempos áureos do ciclo do cacau;aqui na Bahia,literalmente,o dinheiro dava em árvores.Os coroneis,com as burras entupidas ,compravam mansões na Vitória,viajavam para "as Europa",tomar um banho de civilização,como diziam,acendiam seus cohibas com notas de cem,torravam fortunas com as amantes e o sonho secreto era ter um filho doutor,médico,advogado,não importava;necessario era poder ostentar um enorme anel de rubi ou esmeralda e ter um diploma emoldurado na parede do escritorio ,para mostrar ás visitas.Para alguns,a outra grande paixão era os cabarés;principalmente o Tabaris,o mais animado e famoso cabaré baiano,situado na Rua Chile,a mais elegante da cidade.Lá perdiam fortunas,nas noites de esbornia,fazendas e gados deixados nas roletas,no blackjack ou no bacarat.O Tabaris era uma estória á parte,com seus imensos lustres de cristal,seus abajures de luz mortiça,a melhor orquestra da cidade que tocava um tango "arrabalero",que mulheres alegres dançavam magistralmente,lindas,nos seus vestidos de veludo e joias faiscantes.Eram francesas,polacas,argentinas,russas,que faziam fortunas ,transferindo bens de familia,árduamente ganhos,apenas com "engenho e arte"nos seus leitos de cetim e suas linguas de veludo.Cavalos lentos e mulheres rápidas,foi como explicou um coronel,a perda de sua fortuna.Nesta noite o coronel Silveirinha,estava bastante amuado;perdeu no bacará,onde só apostava ficha de cinco contos,pois,perdeu 200 contos.O coronel estava uma fera.Seu terno de linho inglês S120,casca de ôvo,estava todo amarfanhado,seu chapéu panamá esquecido no sofá e nem a voz de Salomé Parisio,cantando um tango dolorido o animava.Sentou-se no saguão,onde poderia ficar sozinho e amargar sua raiva,quando dois terceiranistas de medicina,entraram no cabaré;claro que já sabiam do acontecido,pela boca do taxista Cigano,que sabia da vida de todo mundo e prá todo mundo espalhava.Cumprimentaram o coronel,que rosnou em resposta,e foram logo lhe dizendo:-Parabens,coronel,soubemos da sua proeza,o coronel arrebentou a banca.
Silveirinha lhes lançou um olhar torvo e falou entredentes,a raiva brotando por todos os poros:-Menino,só não te dou uma banana para não aumentar meu prejuizo.