Confusão franco-árabe
Certa vez, fui enviado pela minha empresa à França para discutir um novo sistema que iríamos implantar no Brasil. Fiquei triste por ir sozinho, pois além da solidão, tive que enfrentar o inverno francês. Depois de um dia exaustivo de trabalho, Cheguei no hotel sem vontade nenhuma de escrever o meu diário da viagem, então saí para jantar e aconteceu uma coisa muito engraçada que fui obrigado a relatar:
Nesse dia, eu demorei um pouco mais na empresa e quando voltei ao hotel, o grupo que estava participando do mesmo seminário já tinha saído para jantar, então resolvi dar uma volta e comer alguma coisa rapidinho. Encontrei um bar que estava passando o jogo do Brasil x Uruguai. O jogo não era ao vivo, pois tinha sido no dia anterior, então resolvi parar nesse bar. Pedi umas "frites et bière" e fiquei no meu cantinho assistindo a partida. Lá pelas tantas, entrou um rapaz com uma cara de árabe bêbado... ah, tenho que registrar que todas as pessoas que trabalhavam no bar eram árabes, acho que o dono também e toda hora chegava alguém falando esquisito. Bom, O cara que chegou bêbado tirou uma nota de dez euros do bolso e começou a gritar com um garçom, jogou a nota na cara dele e ficava apontado prá ele... pelo tom de sua voz, acho que não estava agradecendo nem falando belas palavras. O garçom, por sua vez, não ficou prá trás, pegou a nota do chão, jogou na cara do bebum e retrucou a altura e com palavras tão estranhas quanto o bebum havia falado. Grito daqui, grito dali, chega a turma do "deixa disso"... e eu ainda no meu cantinho vendo o jogo que faltava uns 10min para terminar... Quando a turma do deixa disso chegou e começou a puxar o bebum prá trás, pronto, aí ele ficou bravo, virou um siri na lata, começou a bater no balcão e mais palavras doentias, ele virou prá trás e aí eu fiquei com medo... o cara tava alucinado, ficava quase enfiando o dedo na boca do garçom com aquele sinalzinho simpático fálico de "pau" e o garçom, sem perder tempo, também fazia a mesma coisa... A discussão era muito estranha porque eles ficavam um tempão repetindo a mesma coisa, eu meio que traduzi tipo assim:
Bebum: - Vai se f...!!!
Garçom: - Vai você
Bebum: - Vai você
Garçom: - Vai você
Bebum: - Vai você
Garçom: - Vai você
Bebum: - Vai você
Garçom: - Vai você
Bebum: - Vai você....
Ah, esqueci de comentar, eu estava no meu cantinho, mas tinha dois caras em pé em frente ao balcão bem ao lado briga. Eles ficavam ali parados, como se nada estivesse acontecendo. De repente, veio a outra arma... cusparada... os dois começaram a cuspir um no outro desesperadamente... eu nunca vi tanto cuspi, o pior é que dentro do balcão tinha um outro garçom fazendo o sanduíche dos dois "caras impassíveis", e foi cuspi prá todo o lado, acho que o pão dos cara ficou todo molhado, mas eles nem ligavam. Como o bar era pequeno, eu resolvi ir lá prá fora, pois a coisa estava esquentando. Depois de tomar um banho de cuspi, os carinhas que aguardavam os lanches resolveram sair também.
Nesse momento, a turma do deixa disso aumentou, mas o cara estava muito bravo e resolver bater em todo mundo... começou a jogar as cadeiras pro alto e deu várias porradas no balcão, não sei como não quebrou. O Garçom, que tinha cara de palestino terrorista (sem preconceito, mas ele estava muito nervoso e ficou igualzinho aqueles palestinos dos filmes de Rambo, 007, Duro de Matar, etc.).tirou o avental e deu a volta pelo balcão... aí eu pensei... “Vixe Maria, o bicho vai pegar”, a porrada vai comer... me afastei um pouco mais, pois se a polícia chegasse eu nem saberia o que dizer..."Não, tô só olhando". Os dois se agarraram e uma galera em cima tentado tirar. Um negão, negão mesmo de mais ou menos 2 metros de altura, começou a gritar Police, Police... achei muito engraçado a cara de nervoso dele... um homem daquele tamanho quase chorando.
O siri na lata amansou depois que o garçom partiu prá briga, mas aí veio o provável dono do restaurante, ele chegou perto do bebum pra colocá-lo prá fora e tomou um tapão no pescoço... Pronto, a chapa esquentou de novo, o dono do restaurante partiu prá cima do cara e ficaram se agarrando bem de perto, olhos nos olhos, o mais engraçado é que não teve socos, apenas solavancos e empurrões prá lá e prá cá. Nesse momento, o garçom, que eu imaginava que iria juntar o cara na porrada, resolveu segurar o dono do restaurante que já era o mais exaltado de todos. Puxa daqui, puxa dali e todos foram parar no meio da rua. O negão gritou de novo "Police, Police" e os carros tiveram que parar, pois tinha aquele bolo de gente agarrada bem no centro da rua. A turma do deixa disso conseguiu separar os nervosos e os dois estavam com as roupas rasgadas. O Dono do bar, muito louco, começou a gritar e rasgar a própria camisa, eu pensei que ele fosse explodir (sem nenhuma analogia a um "homem-bomba"). Enquanto uma turma colocava o bebum no carro, a outra tentava acalmar o dono do restaurante que falava num francês com sotaque "é a última vez na minha casa, é a última vez na minha casa". Bom, deduzi que o bebum já tinha aprontado antes e que essa foi a gota d'água para o dono do bar.
No final, o garçom acalmava o dono do bar que fazia uns sinais para o bebum dentro do carro que retrucava mandando beijos para o dono do bar. Como a políca não chegou, voltei ao bar e paguei a minha conta com uma vontade danada de rir, mas sem coragem para isso.