Uma história de mãe...Marinheira de primeira viagem, confiante,arrogante e atrapalhada

Vou contar uma história. Nunca pensei que isto poderia ser real. Mas o é.

Muito antes de ficar grávida eu já me divertia com histórias de marinheiras de primeira viagem. Como é difícil dar o primeiro banho. Que tensão é oferecer o peito, a ansiedade de saber se vai ter leite, se o leite é suficiente para o seu bebê etc...

Confesso que nunca fiquei temerosa, fui uma grávida confiante e arrogante. Tinha certeza absoluta que ia tirar tudo de letra.

Em primeiro lugar nunca me passou pela cabeça fazer uma cesariana, muito menos experimentar o tal parto sem dor. Amamentar? Sim, mil vezes sim! Queria me sentir mãe no sentido absoluto da palavra. Com todos os prazeres e desprazeres. Queria literalmente padecer no paraíso.

Meu filho, apressado como a mãe, não esperou pelo nono mês para nascer. Com oito meses, exatamente quando eu completava vinte e nove anos ele decidiu que era a hora de me oferecer o presente mais especial: Ele!

Barriga enorme, nariz de batata doce (rosado e inchado), estava passeando pela praça. Andando com aquele andar de pata atolada muito caracterísco. Pensava na noite do meu aniversário (jantarzinho em um restaurante bem legal, na companhia da família e amigos mais chegados).

Quando de repente comecei a sentir umas dores muito esquisitas. Como eu havia marcado para a semana que se aproximava, uma consulta com meu obstetra a fim de aprender como era contração, respiração cachorrinho etc Não tinha noção do que era aquela dor ( até tinha, mas não poderia ser possível faltava ainda um mês)

Achei muito esquisito aquela dor toda, meu marido mais leigo do que eu, ligou imediatamente para o Dr. Castro ( que é um santo, só ele mesmo para me agüentar, teimosa que só eu).

Acabou que, nada de jantar, passei a noite na maternidade jurando que nunca mais ia ter filho, que nunca mais (se por acaso eu fizesse a loucura de embarrigar de novo rs...) ia querer de saber do parto normal, que quando tivesse forças suficientes iria dar um murro na cara do salafrário do meu marido que me colocou naquela situação ( tá eu sei, eu mesma me meti naquela) e não teve nem coragem de assistir o parto. Tinha ficado na sala de espera assistindo Tv. Pode??

Pode sim, ele me contou depois o sacrifício que foi ficar lá com os outros pais, andando de um lado para o outro, tomando coca-cola e assistindo a vários filmes. Porque o menino estava apressado para ver a luz do sol, mas parece que na hora de por a cara para o mundo ele resolver ficar um pouquinho mais a fim de me torturar.

E o papai lá...Tomando coca-cola.

Depois de muita dor, caminha para cá e para lá, dor, gemidos, dor, raiva, dor, impotência ( nesta hora estamos nas mãos de Deus), dor, dor( vale a pena repetir nunca mais parto natural, nunca mais bancar a natural total, querer curtir na íntegra a experiência de ser mamãe), finalmente tudo acabou e um lindo garotão( só a mãe mesmo para achar aquele joelhinho roxo e amassado lindo) nasceu e fomos liberados para o quarto.

Puxa, até que em fim ia poder descansar, tomar banho e tudo o mais.

Descansar eu não descansei, havia mais uma mãe comigo no quarto. E esta estava padecendo o tormento de não conseguir amamentar, então o bebê passou a noite toda berrando.

Tomar banho eu tomei, mas não foi fácil, pode parecer frescura, mas eu odeio banheiro de hospital, sem contar que eu praticamente andava me arrastando depois de mais de oito horas de esforço.

O tudo mais aconteceu na manhã seguinte , quando eu tive que limpar o cocozinho da coisinha linda que estava ao meu lado , graças a Deus meu pequeno não teve problema em se alimentar E sendo assim vocês podem imaginar o presentinho que ele estava guardando para mim sob aquelas pequeninas fraldinhas ( que tiver o estômago fraco por favor não continue, pode passar mal).

Não sei se por ser marinheira de primeira viagem, ou por ter sido arrogante a ponto de não pedir ajuda para fazer as malinhas na hora de ir para o hospital, ou por que o apressadinho veio de supetão um mês antes do previsto me pegando de surpresa...Sei lá...

O fato é que não levei tudo que precisava, tinha fraldas isto é claro eu não ia esquecer, não sou tão avoada assim... Mas não tinha lenço umedecido, não tinha talquinho, não tinha óleo (tudo o que eu estava vendo que a mãe ao lado estava usando para fazer a faxina no bumbum do seu filhote).

Mas eu havia colocado uma fraldinha de pano e um sabonetinho, então pensei comigo era fácil bastava eu molhar a fraldinha na pia e limpar a melequinha.

Eu avisei para não continuar a ler, as cenas a seguir são fortes, mas se quiser continuar não venha brigar comigo depois.

Doce ilusão, só quem já limpou o primeiro cocozinho de um ser que recém chegou ao mundo e passou a noite toda mamando sem parar ( não sabia que nascer dava tanta fome...) pode saber o que é, este pequeno cocozinho ( também não sabia que o primeiro cocozinho parecia uma cola verde, que grudava no bumbum do precioso bebe e que só com ácido seria possível fazer a limpeza completa).

Então, tive que lutar contra a dor de caminhar inúmeras vezes até a pia a fim de molhar a fralda (na água fria, coisa que o precioso não gostou nada, nada reclamando o tempo todo a altos brados e esperneações). Foi preciso mais ou menos umas cinco viagens até a pia para que toda aquela cola grudenta pudesse ser removida.

Não podia nem pedir emprestado um mísero lencinho para a vizinha de quarto já que depois que a enfermeira resolvera o problema de alimentação dos dois, trazendo uma mamadeira para o bebe, eles dormiam placidamente!.

Eu estava exausta ao final da batalha entre fralda, torneira, sabonete, berros e esperneações, mas venci.

E vitoriosa , depois de mais umas cinco tentativas de fechar a fralda descartável ( o coisinha complicada, enquanto eu fechava um lado, o bebe amado esperneava e abria o outro ) eu consegui!!

Fechei a roupinha ( cheia de botões e no mínimo o dobro de tamanho dele, para ter uma noção as meias pareciam meias sete oitavos, porque ficavam lá nas coxas dele), e o enrolei bem no xalezinho azul.

E neguei o peito até o outro dia, Deus me livre ele tomar todo aquele leite de novo.

E se aquele leitinho inocente se transformasse na super cola verde amanhã? Eu é que não iria limpar mais nada!! Não mesmo!!

Só para esclarecer...

• É brincadeirinha, eu amamentei sim, e de duas em duas horas.

• E no outro dia bem cedinho, meu marido trouxe todas as armas que seriam necessárias para a batalha contra o super cocozinho ( que constatei com muita felicidade , estava normal e bem facinho de limpar)!