A GELADEIRA DO TARCÍSIO
Crônica em tempo real.
Eu não sou e nunca fui um espião industrial, mas tive a oportunidade inédita em descobrir o futuro lançamento de refrigeradores da “Consul” que, a bem da verdade, não é uma “Brastemp”.
Estou falando como uma testemunha ocular e em tempo real, pois eu vi o dito modelo em exposição experimental, numa suposta ou no projeto de uma casa de praia, estou me referindo a uma geladeira que pela sua praticidade, leva o nome do seu projetista, trata-se então, da geladeira modelo: “Tarcísio”.
Na verdade são dois modelos, um é do tipo “pau para toda a obra”, e o outro é um protótipo que ainda não é do conhecimento das empresas de publicidade, porque estamos falando de um próximo lançamento talvez para 2010 = a geladeira do futuro, conhecida, é lógico, como a “Geladeira do Tarcísio”.
Primeiro vamos fazer uma breve referência ao modelo “pau para toda obra”, nela se encontra ou poder-se-á guardar de tudo, (tênis velho, papel higiênico, sabão em pó, toalhas de crochê e etc.) menos carne, leite, ovos, verduras, bebidas, sorvetes, picolés etc.etc.
A geladeira do futuro 2010 está exposta na casa de praia do Tarcísio, o modelo é totalmente inédito, o desing é super arrojado, linhas aerodinâmicas, espaço tri-dimensionado, mais do que tri, este modelo se ajusta em qualquer lugar, é como se tivesse apenas três pés, isto quer dizer que encontra o equilíbrio até em lugares desnivelado como a casa do projetista.
O consumidor do futuro, esse sim, ficará maravilhado com o arrojo e a facilidade prática da fechadura totalmente sem ruído, funcional e sem desgaste, pois foi projetada (reciclada) com a maciez negra de uma câmara de bicicleta.
O fecho da dita fechadura não é eletromagnético, é composto pelos famosos pregos Garcia, daquele que se todas as geladeiras fossem assim, a porta por certo não se abria e o prego não enferrujaria.
Tudo na casa do Tarcísio é meio que sagrado, pois atrás da porta principal da casa, isto é, é principal porque só tem uma, pois quando se abre a dita porta ela cria um espaço tipo de altar no armário de louças escondido e misterioso, aonde o Tarcísio faz o seu ritual e o etílico ofertório: Ele toma um trago de “51” e diz: “viva a Jesus!”.
Tarcísio é um homem que quando menino foi tratado a angu com leite (pirão de fubá) pelo Tio Zé Braz, e hoje é um homem muito místico, pois nem nessas horas sagradamente etílicas ele se esquece de Jesus.
O banheiro da casa do Tarcísio é fácil a gente saber se está ocupado ou não, e não é pelos ruídos pertinentes que se faz lá dentro, mas é porque o dito banheiro não tem porta, apenas uma cortina transparente que deixa ver o ocupante como uma sombra solitária, num esforço gemido e covarde.
O referido Tarcísio, objeto desta crônica, depois de certo grau etílico teimosamente se nega a tomar banho, mesmo com toda a insistência da “Zana” sua belíssima esposa, ameaçando-lhe graciosamente que se não se lavar dignamente irá dormir num colchonete num canto da casa.
Afinal de contas o Tarcísio não é bobo, mesmo com toda a torcida a favor do banho, ele vai como se seguisse às escadarias da guilhotina, mas antes do sacrifício higiênico ele dá uma desmaiada no sofá e diz que era apenas uma concentração para o exercício custoso da limpeza corporal.
Outra hora, eu conto para vocês como foi feito o churrasco num latão, uma obra também do famoso Tarcísio.