PENSAMENTOS MEDIANOS
PENSAMENTOS MEDIANOS
Marília L. Paixão
Não sei não! Talvez seja melhor avisar as pessoas que costumam gostar dos meus textos, que elas não vão gostar deste. Aviso ou não aviso?! Acho que não vou avisar não! Afinal, se todo mundo parar de ler por aqui, vou escrever para quem?
Pode ser só para mim mesma é claro! Posso até fingir que não tô nem aí se ninguém gostar de ler minhas coisas... rs.rs...
Saber lidar com mentiras deve ser uma arte que não domino bem.
Se eu iniciasse um texto, por exemplo, dizendo que estou sem inspiração, mas que vou tentar escrever assim mesmo, todo mundo saberia que seria uma enorme mentira. Sem inspiração não estaria a mentir ou a sorrir. Não estaria por aqui. Inspiração é como lágrima já que ninguém chora à-toa. A diferença é que a inspiração é uma coisa boa.
Se você está comigo até aqui, você está decidido a ir comigo até o fim por qualquer cano entupido, não é mesmo?! Será que a gente não vai se sujar muito?! Vamos combinar o seguinte: Eu cuido de mim e você cuida de você. Qualquer coisa você pula fora e qualquer coisa eu paro de escrever. Fica todo mundo sem compromisso nesta jornada que provavelmente não vai dar em nada.
Mas eu tenho carinho pelas pessoas que me depositam alguma confiança. Aposto que essa frase serviu de consolo. Se no final achar que perdeu o seu tempo, pelo menos ganhou uma amiga! Eu!!! Marília!
Por agora, chega de conversa fiada e vamos ao que interessa: Os pensamentos medianos!
Sabe onde a paciência alcança? Foi onde nunca me alcancei. Sabe onde me socorri? Foi onde quase morri. Sabe por que não morri? Por ter uma vida e meia. Pensou que eu tinha vida de gata?! Errou pela saída e pela entrada da mata. Talvez se eu fosse um bicho seria um porco espinho. Pode deixar que este pensamento bobo eu vou explicar:
Minha mãe me teve na roça e o quintal era o terreiro de chão. Ela já tinha tido muitas meninas antes de mim. Eu não era para vir. Mas não teve como evitar! Eu vim!!! E ela me contou que de tanto serviço que tinha com todas nós e mais as costuras... muitas vezes ela tinha que abandonar todas as suas obrigações e ir me buscar no terreiro engatinhando e chorando com a fraldinha cheia de bostinha e algum porquinho atrás de mim. Acho que o porquinho cheirando minha bundinha devia me assustar muito e por isso eu chorava.
Podia ser também por arranhar o joelho! Eu é que não sabia falar ainda! E agora não me lembro.
Ela falou que como bebê eu só dei trabalho nesta época. Em curto espaço de tempo eu já estaria ajudando a depenar galinha e a comer os torresmos dos porcos. Quanto a não dar pérolas, estou aprendendo até hoje!
Tem dias que a gente pira, não conto os dias em que já pirei. Já contei?
Se continuou a leitura até aqui me ajude a honrar o título pré-escolhido deste texto e dar inicio aos pensamentos medianos, que até agora só falei dos célebres! Acho que ainda estou com as celebridades da noite do OSCAR em minha cabeça. Deve ser isso...
Sabia que mentiroso tem pensamento mediano?! Sim! Ele só mente com muitas palavras. Tem medo de usar poucas e não ser convincente.
Agora político honesto só tem uma saída: Não usar nenhuma. Só de pensar em dizer já mente. Há os que acreditam que eles já nascem com o pensamento errado. O político honesto prefere mentir calado. Como eu não entendo de política, vou falar nada!
Lembrei até de uma música do Belchior: “Nada, nada, nada, nada, aqui não acontece nada não! Nada, absolutamente nada!”.
Enquanto o Brasil cresce e floresce de acordo com as mágicas da mídia e falar mal dos políticos virou prato principal de todas as piadas brasileiras, essa crônica sobre pensamentos medianos acaba aqui. Eu bem que avisei que vocês não iam gostar!
Se tiver alguma razão que justifique continuá-la, diga! Ou senão, continuem apenas meus amigos para sempre.