Perdendo o encanto ou repensando a intimidade do casal*//Ingrid / Edna
"Se eu briguei com o espelho você também brigou.Se eu fiquei de joelho você rastejou(...)Se eu era uma princesa, você principiou.Se eu era perfumada como um botão de flor.Não era fingimento, foi tudo por amor. Nenhum dos dois tá certo, nenhum dos dois errou(...)Se você é do jeito que é, eu sou do jeito que sou.Se você tá do jeito que tá, eu tô do jeito que tô." (Cabeça de Bob X Barriga Crescida)
Eliezer Setton
Se no princípio tudo são flores, todo casal passa também por momentos difíceis até acostumar com a vida a dois. É um aprendizado. Porém, tenho a sensação de que nós mulheres, cedemos mais, pois abrimos mão até dos pequenos prazeres, velhos e tradicionais hábitos que tanto nos aliviam e dão prazer. Aquela camisolinha gasta, macia, puída. A calcinha descosturada, o primeiro sono no sofá, um punzinho pra aliviar, sentar no trono de porta aberta, bocejar sem abafar, arrotar... Quantas vezes já houve quem ligasse o chuveiro para disfarçar o barulho de uma dor de barriga?
Quanto tempo se deve esperar para que o encanto não quebre? A rotina, irremediavelmente, vai quebrar esse encanto?
Aquele gentleman que você conheceu cheiroso, gentil, que te levou para o motel, cueca de seda, amoroso, que te ofereceu uma taça de vinho, que te despiu lentamente, agora está em sua frente, quem sabe falando de boca cheia. Por baixo, um calção de futebol ironicamente com um número registrado: 69. Agora ele senta em seu tapete, chuta a lata de cerveja até o lixeiro acertar, arrota, solta pum sem se preocupar com tua presença, esquece de levantar a tampa da privada e, quando lembra, esquece de abaixar.Isso porque nem estou listando o conjunto dos nossos “pecadinhos”...
É possível manter esse encanto?Essa é a intimidade que devemos repensar. Somos humanos, normais.Eles e nós.O que perderemos e o que ganharemos no convívio de uma relação á dois? Sei apenas que é preciso mais que cuidado, para o encanto não quebrar.É preciso transformar a paixão em amor.É preciso cuidar desse amor. Ser casal é mais que ter papel passado, mais que dividir cama e conta. Ser casal é manter-se encantado pela alma um do outro.
"Uma crônica a quatro mãos". Obrigada à amiga EDNA LOPES!
Na construção desse texto selamos nossa parceria*
Ingrid Gerbasi e Edna Lopes