Retrato do Mundo
"Deus me deu mãos e pernas, e sou grato por isso. Me deu inteligência, não pra roubar, mas pra lutar por minha família.". São afirmações de um habitante da Zâmbia, e resumem bem o que é ser simples.
Vi pessoas simples se tornarem orgulhosas. E orgulhosos fingirem simplicidade para garantir status. O mundo é assim: pena por poder.
Como são medíocres as pessoas que quebram a unha e tratam esse fato como se fosse o fim do mundo. Na verdade, tais fatos mereciam a total irrelevância. Principalmente quando a frente disto existe uma Zâmbia faminta e um Sudão em guerra...
Fome e guerra. Sangue e súplica. É sobre esses patamares que parte da população mundial se encontra. Querem identidade, querem pão. Querem paz. Líderes que deviam mostrar o rumo das coisas, ensinam tudo errado. Afinal, de quem é a culpa?
São mais de 6 bilhões de réus, mas parte desse número é relativo às vítimas, os que sobram, são os verdadeiros culpados. Orgulho, mesmo que não transparente, é um vírus que corrói cada ser humano. O poder corrompe a visão. Nada mais importa, a não ser o "EU". Humanidade leva a culpa por ser calada, ter medo. Mais uma criança deixa de sorrir no Iraque ou falece por desnutrição na África, por causa da estagnação, da conformação que mesmo camuflada pela roupagem de protesto, está nua em pêlo nas ruas. Eu sou culpado, eu e o "planeta azulzinho".
E agora, aquele jovem habitante simples da Zâmbia, sonha com o carro enquanto troca roupas por peixes. Séculos de exploração, minorias ricas e maiorias pobres. Está na hora de trocar os papéis.