O dito pelo não dito!

Padre Antônio Vieira, em um de seus inesquecíveis sermões dizia que, as palavras comovem as mentes das pessoas, no entanto, somente as obras são capazes de provocar verdadeiras modificações em seus corações. Há quem não concorde completamente com o dito de Vieira, uma dessas pessoas, sou eu. Explicarei.

Não restam dúvidas de que as ações são imprescindíveis para que as pessoas confiem em determinadas idéias e pensamentos. Isso torna-se até indiscutível, porém, trago à baila esse polêmico assunto.

Outrora, houve uma pessoa que com suas palavras comovia multidões e, não obstante, também, com suas ações arrastou e, ainda, arrasta muitas pessoas, não há como questionar esse inesquecível e talentoso "homem", chamado Jesus. Engraçado que além de falar, Ele agia e fazia com que os outros O viam como realmente um Ser coeso, em que conseguia harmonizar palavras e atitudes. O que, às vezes, para nós, simples mortais, torna-se bem difícil.

Daí que reside a discrepância entre as palavras e ações para os humanos. A coesão sobre o que se fala e o que se vive. Já vi bastantes padres e pastores que são bem eloquentes em seus sermões, homilias, enfim, são talentosos com as palavras, mas na prática, não são tão habéis assim. Isto é, não há uma sintonia entre a pregação e a vida real.

Não quero olhar incredulamente para as religiões, não é isso. Quero apenas fazer ponte para o entendimento de que as palavras são imprescindíveis para nós seres humanos. Embora o que às vezes queremos dizer está justamente entre o dito, está nas "entrelinhas", está no branco. Seja como for, as palavras representam uma marca extremamente importante para o início de uma grande realização. E quem é que escreve ou já escreveu com o intuito de comover alguém? Será que realmente comoveu... Longe das entranhas do raciocínio de Vieira, que concordo em parte, mas nem sempre estamos, nós humanos, preparados para realizar grandes feitos. Embora, quando já efetivamente falando sobre eles, já estamos nos contaminando com os bons presságios, que são delineadores das boas obras. Taí mais uma das mil e uma utilidades da palavra, qual seja, servir de ponte para exemplos e mais exemplos de vida.

Ainda que as palavras sejam menos convincentes de que os exemplos, não podem jamais serem sufocadas diante de tantas incontáveis proezas que se pode fazer com elas... como fazer parte de uma rede de amigos, que embora não os vendo fisicamente, sabemos um pouco de cada um pelas suas escritas...