Mais Forte Que o Rei
O capítulo da Ministra que representa os afro-descendentes envolvida num uso indevido de um cartão coorporativo do Ministério, em que teve de devolver o dinheiro e mais o pito ao Presidente pela Comissão de Ética, sobre permanência do Ministro do Trabalho ocupando igualmente a presidência de um partido político, nos lembra a idéia de que, realmente e felizmente, existe alguém mais forte que o rei. Que na verdade não é ninguém senão aquele livrinho verde amarelo denominado Constituição, livro de cabeceira do saudoso Ulisses. Aliás, era dele o pensamento de que não se governa uma nação sem ética e sem Constituição. E a lembrança de uma comissão de ética, muito eficiente em classes profissionais, como por exemplo, no Conselho Regional de Medicina, merece ser lembrada a nível nacional. Este caudaloso rio de arrecadação nacional funcionaria muito melhor, fluiria em paz com seus afluentes, sem qualquer transposição de desvios do erário público e dele se teria todo o aproveitamento de suas águas, se existisse na realidade um exato controle do sistema financeiro do Estado. Talvez, nem precisaria criar novos tributos se do dinheiro público houvesse um eficiente controle. Por isso voltamos à idéia da Comissão de Ética. Nome que lembra saudade no sentido de que todo mundo conhece e é capaz de percebê-la, mas não sabe defini-la exatamente. Não chega a ser antídoto da corrupção, cicatrizante da vergonha nacional, mas ainda eficiente a ponto de melhor princípio para um poder de polícia que demonstre seriedade e resultados. Por isso, apesar dos Tribunais de Contas, se deveria divulgar mais tribunais que poderiam parecer meros tribunais de faz-de-conta, mas que na verdade, seria um esteio da ética no que diz respeito a um controle do sistema financeiro do Estado, em que esfera for. Seria como se aquelas execráveis maquininhas de um olho só nos anúncios do Big Brother estivessem nos corredores dos palácios, nos aviões, nos plenários das câmaras, na mais longínqua e esquecida repartição pública dando conhecimento das estripulias de quem exerce cargo ou função pública. Isso mesmo, em cada Estado, em cada Município, teríamos uma Comissão de Ética. Ainda, formada por membros fossem do Judiciário, do Ministério Público, da OAB, do CRC, do CREA, do CRM, do Ministério do Trabalho, da Segurança Pública, Polícia Militar, entidades religiosas e do ensino, clubes de serviço, tais como Lions, Rotary, a Maçonaria e até da Receita Federal. Uma entidade sem qualquer conotação política, composta de membros com poder maior que o rei, para apreciar deslizes vindas de denúncias de qualquer cidadão e através de procedimento próprio. Da mera utilização de veículo oficial para levar ou trazer filho na escola até o cometimento de uso indevido de talonários de cheques ou ato espúrio acobertado por notas fiscais superfaturadas. Sem dúvida, daríamos na História um salto enorme – de um País de Todos para um país muito melhor. E, que bom se todo brasileiro pensasse feito Ulisses Guimarães – “eu não quero morrer de raiva, nem de mágoa, nem de doença. Eu quero morrer na luta”.