Recordar é viver.

Os meus dedos correm pelo teclado e eu não consigo me decidir. Há tanto sobre o que escrever. Já pensei em sentimentos, amor e saudade e me lembrei de uma canção, me lembrei daquela tarde. Não quero desperdiçar meu tempo, cometer um equívoco e escrever sobre algo tão desinteressante ao ponto de me sentir incapaz. Não sei. Não consigo me decidir. Olho para os lados à procura de inspiração. Um motivo, um sinal divino, ou qualquer coisa terrena que possa me impulsionar.

Então peço arrego para minha intuição, mas hoje, justo hoje, ela está magoada comigo e não quer cooperar. Insiste em argumentar, entre murmúrios e suspiros de tristeza, que não ouço quando se manifesta e não ligo a mínima para as palavras que, vez por outra, sussurra em meu ouvido. Acho que está em greve e talvez tenha razão de ficar chateada.

Ocorreu-me agora que estou escrevendo, escrevendo a respeito da dificuldade de escrever. Uma foto instiga minha memória e uma ocasião surge na lembrança.

Lembranças. Muitas vezes nos privamos de muitas delas não é mesmo? Mas será possível controlar a avalanche de recordações que inunda nossa mente quando escutamos uma música, sentimos um cheiro ou nos deparamos com algum objeto? Lembrei-me daquela música novamente... Mas espere! Estou escrevendo sobre lembranças. Para quem não sabia sobre o que escrever... Já estou no segundo assunto.

Recordar é viver. Concordo com a frase, mas não me lembro onde foi que a ouvi. Que ironia não lembrar. O que mais me intriga nisso tudo é o fato de não conseguirmos esquecer aquilo que mais queremos abandonar. Entretanto, não pensem que apenas as lembranças ruins são relegadas ao esquecimento eterno. Não mesmo!

Muitas vezes tentamos esquecer coisas boas, mas proibidas. Lembranças de momentos secretos. Tão secretos e proibidos para o grande público que achamos mais seguro apagá-los até mesmo de nossa mente, o lugar que acredito ser o mais acautelado dos lugares para guardar esse tipo de coisa.

Tente esquecer aquele momento maravilhoso só porque o considera indevido. Faça o teste! Mas lhe digo desde já, você não vai conseguir. Então finja para si mesmo, isso deve funcionar por um tempo até que a lembrança se torne muito insistente e você acabe se rendendo.

Eu me lembro de quando me sentei para escrever esse texto e da dificuldade em começá-lo. Lembro-me da vontade em inundar essa página com grandes reflexões acerca de qualquer coisa. Está aí o que pude fazer. Talvez a próxima experiência seja mais prazerosa, mas querendo ou não, vou me lembrar de tudo.