OLHAR BONITO E FAMINTO
OLHAR BONITO E FAMINTO
Marília L. Paixão
Estão sem graça as maçãs. Uma fome visitou uma. Coisa mais sonsa. É preciso escolher melhor as maças já que fazem tão bem para a voz. Mas tudo bem! Podem ficar aí enfeitando a cesta. A sala é que ficou bonita com aquela planta que escolhi antes desta última viagem. Foi mesmo para ela fazer companhia para você. Pelo que vejo todos conseguiram sobreviver sem mim.
A vida é assim. Um dia ou outro longe das pessoas que gostamos acaba fazendo bem para o coração. Lá onde eu estava perguntaram se eu ia tomar a vacina da febre amarela. - Por quê? A coisa já chegou aqui? Aqui na cidade não, mas ta todo mundo vacinando. – Sim... E ta tendo fila? – Fila ta tendo sim, a gente não sabe é se todo dia ta tendo a vacina. (Isso não é só coisa de mineiro, deve ser coisa do Brasil inteiro).
Pensa bem se eu fosse escolher um dia que não tivesse a vacina para pensar em entrar na fila. Claro que não fui! Talvez as minhas maçãs então com febre amarela, mas eu não! Eu estou é achando frio aqui em casa. A música das batidas de martelo do pedreiro não está me incomodando. Incomoda é pensar que as férias estão acabando e aí que o ano vai começar! Por enquanto salve a alegria e tudo de cultural que o carnaval trará.
Escrevi em Governador Valadares a minha melhor crônica. Só depois que ler saberão o porquê. Tem coisas que a importância é revelada aos poucos. Também ninguém tem que ser um bom entendedor de todas as coisas para entender o porquê. Principalmente o porquê das coisas mais simples se tornarem belas. Quem vê beleza entende de beleza. Afinal ninguém mexeu no meu queijo e nem no seu. Hoje eu acordei com um olhar bonito. Deve ter sido com um olhar bonito e faminto.
Andei lendo umas crônicas e outras aqui do recanto e descobri que há muitas crônicas que me lembram textos científicos de quando a professora explicava sobre os diferentes tipos de textos. Há crônicas que já começam com aquele ar dissertativo com cara de quem vai dissertar absolutamente sobre aquela uma coisa.. Mas ninguém é isento de ter essas vontades de escrever assim vez ou outra, talvez nem eu. Mas será o que a minha professora pensaria da minha coleção de palavras quando deixo tudo nas diferentes formas de textos que escrevo? Talvez eu só penso que escrevo...
Mas como gosto do que escrevo vou ficar aqui onde estou já que vejo o pôster do filme BABEL de Alejandro Gonzalez Inarritu. Vi tanto este filme que escrevi sobre ele no ano passado. Lá tem o Brad Pitt mostrando seu lado sofredor humano mais que seu lado belo. Lá tem Cate Blanchett no mesmo barco que ele e duas crianças inesquecíveis. Quem não viu, deveria ver! Como a maçã não estava boa comi um pão com queijo no lugar! Hum! Pode não ter sido uma troca sensata, mas que estava bom, estava. Quando é que chega essa hora do almoço?!
Acho que vou ler mais um pouco com este olhar do dia. Quando meus olhos estão assim gosto mais fácil de tudo. Acordar com o olhar manso não é coisa de todos os dias e nem de todas as horas. Agora que ele já matou a fome pode até recuperar a beleza de colocar menos defeito nas coisas que ele não gosta e nem desgosta. Quando acho que o meu olhar está engraçado eu penso logo na Simone Mottola. Falar nela, acho que foi raptada pelas férias ou então viajou só com um visto de ida sem saber da volta. Neste caso a gente chora.