PASSAGEM DE ANO EM COPACANA
PASSAGEM DE ANO EM COPACANA
Ano novo que chega.
Praia de Copa Cabana!
Do alto das janelas gigantescas dos hotéis, madames olham para as estalagens ambulantes de primeiro luxo que estão próximas da orla e que as chamamos de Cruzeiro.
Dez mil dólares é a diária, dez mil dólares para ver fogos de artifícios.
À beira-mar, gringos se misturam com mineiros e outras pessoas em busca de um lugar propício para ver as explosões coloridas que duram de um a cinco segundos cada uma.
Ambulantes levam suas caixas com bebidas por cima das cabeças dos curiosos que se divertem no calor e na maré do Atlântico.
Em meio a tanta gente, seu Fernando com Nair que vieram de Campo Grande, montam sua barraquinha com pano de chita, no calçadão de Copa Cabana.
Tudo para recolher o máximo possível de latinhas vazias de refrigerantes e cervejas. Precisam sobreviver, e ali é um ponto especial numa virada de ano para arrecadar alguns quilos do material reciclável.
Dona Geralda, outra cidadã com setenta e sete anos, moradora em Jacaré Paguá, caminha em meio à multidão, arrastando um saco cheio de produtos recicláveis. Ela precisa muito de dinheiro, pois tem grau coma e precisa dos remédios que são caros.
Seu Joaquim com seu carrinho de picolé, perambula pela orla, tentando vendê-los,
mesmo que as horas já avançam, pois precisa voltar para casa com alguns trocados nos bolsos.
Seu Gabriel e sua família saem do hotel todos de branco para dar sorte e vão passando pelo meio dos ambulantes em busca de uma posição no podium que eles reservaram.
Dona Jandira fica nervosa, pois perdeu o seu celular que custou mais de mil e quinhentos reais.
Seu Onofre reclama, pois seu amigo bebeu demais e o plano de saúde não foi rápido no melhor hospital do Rio de Janeiro.
Setembrino que caiu do palco na hora da montagem das estruturas, até ao momento dos fogos, ainda não tinha sido atendido pelo pronto socorro do SUS.
O lixo escondido sobre os pés da multidão, mostra que ainda não há educação e estrutura nas cabeças pensantes para uma eventualidade como essa.
Assim, o repórter vai descobrindo o contraste social que ocorre na noite de passagem de ano em Copa Cabana. E assim é em todos os lugares do planeta.
E todos ainda pedem Paz! Ainda falam de preservação do planeta... de igualdade social...
Só haverá verdadeiramente Paz, quando não houver mais a disparidade entre ricos e pobres no mundo.
A maioria esmagadora pede em teoria, a Paz para si própria e para suas famílias. Mas não há comprometimento com essa Paz que pediram e que só depende deles para acontecer.
Muito brilho e pouca Luz!
Quinze minutos reluzentes e uma madrugada inteira de penumbra.
A Luz, a humanidade já tem, mas é preciso que essa humanidade iluminada, seja iluminadora.
Não precisamos tanto de brilho, mas de Luz!
Sermos iluminados e iluminadores é preciso, brilhantes nem sempre!
É com a Luz que se começa a clarear o conceito de Paz.
E que um dia possamos ter a plenitude da Paz!
Meditemos sobre isso! Eu e você.
Feliz ano novo!
Acácio