Então é isso.
Então é isso. Um amontoado de pensamentos desconexos que nos embaralha a mente, tecendo nós de cega confusão. Mas você não se confunde fácil não! E enquanto trancafia os sentimentos que realmente importam posando de herói para o mundo que idealizou, a verdadeira face do que julga conhecer vai ao poucos se revelando.
Você constrói moinhos de vento na esperança de uma batalha justa. Está criando o próprio adversário e nem se dá conta. Não se dá conta de que a espada é pequena demais para cruzar os ares em busca de um golpe certeiro. Ajeita a armadura e enche o peito com o estoque de coragem guardado especialmente para esse momento.
Aliados? Imagine só! Você jamais se aliaria para combater seus moinhos. Afinal de contas são seus e de mais ninguém. Assim como os problemas, tão grandes, tão seus...
A confusão mental se instaura novamente na mente perturbada pelos devaneios da batalha. Desistir? Nunca! Entregar os pontos e admitir ser humano? Jamais. A teia cresce e os nós se multiplicam.
Mas não era você que julgava conhecer o inimigo? Não era você que bradava aos quatro cantos que podia mais que qualquer um? Desculpe-me se cometo um engano pavoroso ao afirmar ser você o herói de escudo lustrado e espada empunhada que cruza os campos à procura de ilusões.
Para aqueles que preliam sem cessar, todos os dias são vislumbres de uma vitória tardia e por vezes intocada. A ilusão está na crença de que podemos ser mais fortes do que os moinhos que criamos para nos entreter. Impotentes é o que somos! Somos frágeis soldados diante do mais ardiloso de todos os oponentes: nós mesmos.
Sejamos sinceros ao admitirmos a autoria de grande parte das nossas mazelas. Admitamos carregar para o meio de nossa estrada diária um amontoado de pedras, sujeira e dificuldades.
Você blasfema o nome de todos os santos que conhece. Esbraveja frases feitas, na esperança de que suas ameaças surtam algum efeito. Mas nada acontece e você acaba se dando conta de que a coragem se esvaiu no meio da empreitada. Desespero é o inevitável sentimento nos momentos em que se consegue desatar um nó.
A lucidez reina como a luz do sol em dia de verão. Meu Deus! Então era isso, não era? Todo esse tempo para perceber o óbvio. Toda uma vida para admitir o que eu já sabia. O que você já sabia. O inimigo mais poderoso é aquele criado por você, pois ninguém te conhece melhor do que você mesmo.
Plante cada semente com extremo cuidado, para que o plantio se torne um agradável presságio da colheita vindoura. Plante no lugar dos moinhos...