Olhares que se dispersam...
E as horas passam como bicho preguiça...
Engraçado isso, pois geralmente culpa-se o tempo em não dar tempo, não ter tempo de fazer algo. Na verdade as duas coisas acontecem: neste momento, quero tudo ao mesmo tempo e não quero nada, apenas que o tempo voe ou pare.
Complexo, diriam? Nem tanto. Quando em férias, sem perspectivas, procura-se trabalhar nelas, porque é a única distração noturna, depois que o dia vem. E quando se quer, mesmo cansada, traçar no papel ou querer dormir, duas coisas acontecem: o vazio na alma e a insônia que suga a madrugada em segundos eternos.
Aí pergunto: Como ficam os olhares, que tanto prezo e amo? Cadê minhas palavras que espiam ultrapassando todas as frestas? Talvez seja egoísmo, me culpo. Por outro lado, masoquismo, me culpo. O tempo fica com sentido dual, sem olhares definidos e então 'me perco', 'tropeço' e 'me esqueço'.
É tempo de olhares substanciosos, espero que chovam em mim.
Quero poder encontrar o ritmo, dar a melodia e saber equilibrar toda a agonia. Reencontrar daquele olhar desgovernado, motivo para fortalecer meu olhar poeta-gente-cuidador, que pode ser tudo ao mesmo tempo sem tempo, mas tudo pode ser e estar gente-cuidador-poeta, na vida daquele que ainda se lembra, às vezes, de meu nome e me chama de minha filha.
Um olhar reflexivo para o Alzheimer.