O PINHEIRINHO

O PINHEIRINHO

Mário Osny Rosa

Era 22 de dezembro de dois mil e quatro, numa bela tarde dois irmãos saíram de casa e foram buscar um pinheiro para enfeitar, sua mãe os advertiu cuidado cortar qualquer árvore é crime ambiental.

Um deles perguntou ao seu irmão:

- O que é crime ambiental?

- Eu nem sei bem o que é isso ouvi certo dia na televisão uma noticia interessante.

- Que noticia foi que você escutou?

- Lá pelas bandas de Brasília nem sei bem onde fica, um homem foi preso por cortar um pedaço de casca de uma árvore chamada ipê roxo.

- Mas só por retirar um pedaço de casca o que ia fazer com ela?

- Ele soube que a casca do ipê roxo servia fazer chá e curar câncer.

- Ele estava doente?

- Não era ele que estava doente, mas sua mulher que sofria de câncer ele queria cura-la.

- E só por esse motivo prenderam o coitado do homem?

- E ficou preso por muito tempo, pois não tinha como provar sua inocência.

- Mas quem foi que o prendeu?

- A Polícia ambiental.

- Eu nem sabia que tinha mais essa polícia rondando por aí.

- Quem sabe podemos até encontra-la por aí nesse momento.

- Será que estão de vigília para prender alguma pessoa que esteja com vontade de cortar alguma árvore.

Chegando no local onde tinha muitos pinheirinhos num tamanho adequado para usar na noite de Natal.

- Vamos cortar e levar esse médio disse um dos meninos?

- Quem sabe seria melhor levar um pequeno arrancar com as raízes e colocar numa lata molhar todos os dias e depois do dia dos Reis Magos devolver a terra.

- Mas porque essa idéia?

- Só assim não estaríamos cometendo um crime ambiental.

- Mas se a tal polícia ambiental nos apanhar no caminho de volta?

- Vamos explicar que vamos devolver o pinheiro a terra logo que termine o natal.

- Que a montagem do pinheirinho é uma promessa de nossa mãe.

- Mas, como vamos explicar a promessa para o soldado?

- O levaremos até nossa casa e a nossa mãe vai explicar.

Com isso deram início aos trabalhos e arrancaram o pinheiro com todo cuidado, deixando parte da terra entre as raízes e colocaram num carinho de mão retornando para sua casa.

Quando estavam a caminho da casa escutaram o ruído de um carro:

- Será que é a tal polícia ambiental?

- Vamos nos esconder no mato e ver quem vem vindo em nossa direção.

- Acho melhor não queremos ser presos.

Ficaram a beira da estrada a observar a chegada do carro, para sua surpresa era realmente o carro da fiscalização da polícia ambiental, eles pararam cumprimentaram os dois meninos:

- Bom dia.

- Bom dia senhor policial o que estão a procurar aqui nesses matos?

- Como vocês sabem agora estamos na época do natal é comum o pessoal vir até aqui e cortar pinheirinhos para enfeita-los em suas casas.

- Mas, não se pode mais enfeitar pinheiro de natal em casa e porque?

- A lei proíbe o corte de árvores de qualquer espécie entre ela o pinheirinho, como são crianças não devem conhecer as leis de nosso país.

- Posso fazer uma pergunta soldado.

- Claro que pode.

- Eu acho que a lei tinha que ser mais clara e dar oportunidade de não quebrar a tradição natalina que vem de muitos anos.

- Como você explica isso menino?

- Quando eu crescer e tiver filhos como vou explicar a meus filhos e netos, sem poder mostrar um pinheirinho enfeitado.

- Vão ter que se valer de árvore artificial.

- Mas que horror senhor policial, o gostoso é sentir o cheiro do pinheirinho.

- Não sei de outra alternativa para resolver o problema.

- Em vez de cortar arrancar ele plantar num vaso regar todos os dias e no final da festa de natal plantá-lo novamente não estaríamos agredindo o meio ambiental.

- Mas, para isso teríamos que mudar a lei ambiental.

- Poderia levar essa nossa sugestão para quem pode mudar a lei?

- Vou tentar levar aos deputados suas sugestões.

- Obrigado senhor soldado da polícia ambiental até outro dia.

Os policiais ligaram o motor do carro e seguiram sua rotina fiscalizando o meio ambiental até dobrar na curva da estrada.

- Dessa nos escapamos vamos pegar nosso carrinho de mão com o pinheirinho para chegarmos em casa antes deles voltarem.

- Até que o que conversamos antes serviu de base para nos sairmos bem com eles; já que o nosso pinheirinho estava escondido.

Quando os garotos chegaram em casa relataram os acontecimentos e como se escaparam de serem presos.

Sua mãe perguntou:

- Trouxeram o pinheirinho para enfeitar?

- Sim mamãe ele está lá foram vamos arranjar um vaso grande para plantar ele.

- Como plantar?

- Sim nós não o cortamos, mas arrancamos com as raízes para depois do natal vamos plantar ele no nosso jardim.

- Que idéia mais inteligente meus parabéns.

Eles enfeitaram o pinheirinho e tiveram o Natal mais feliz de suas vidas.

Florianópolis, 23 de dezembro de 2004.

morja@intergate.com.br

Asor
Enviado por Asor em 07/12/2005
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