Orgulho do meu pai
Agora, sentado aqui na varanda da casa da minha mãe. O sol se indo , a tarde se indo e a minha mãe aos 96 anos mostrando que a vida sempre tem sentido.
Hoje ela está falante. Estamos sentados confortavelmente numa cadeira de vime. Cada um nas suas respectivas.
Ao seu lado a cachorra Suzi deitada no chão e no gramado defronte a varanda o gato Candinho em passos preguiçosos vindo em nossa direção.
Do nada me pergunta:
" Quanto tempo faz que você separou?"
A pergunta assim me encabulou. Não perguntei a razão do questionamento.
" Uns 7 anos ou pouco mais"- respondi
Ela:
" Eu lembro do dia que você chegou do cartório e falou sobre a assinatura do divórcio. Não achei você triste e nem perdido. Lembro até do que falei, não para consolá-lo e nem dar conselhos. Mãe quando conhece o filho não deve dar conselhos deve deixá-lo experimentar.
O mundo é grande e tem espaço pra todo mundo. Foi o que eu disse."
Confirmei: " foi mesmo mãe..."
"Amanhã fará 20 anos que seu pai morreu. Se é que existe vida após a morte ou outro mundo, sei lá o que . Mas se existir , ao contrário do que disse à você no dia do seu divórcio, espero que o mundo de lá seja bem pequenino. Só pra eu ficar eternamente coladinho no seu pai.
Seu pai era um homem muito bom ! Tenho muita saudade dele."
Nada falei, me aquietei, apenas beberiquei o orgulho de ser filho de seu Delmino.