Bilhetinho
ERA no tempo da Jovem Guarda, anos sessenta e lá vai fumaça. O meu irmão caçula, então um adolescente, tocava guitarra num conjunto. Era muito bom nesse instrumento. Era também um carinha muito namorador. Namorava várias mocinhas da nossa cidade. Uma delas, filha de um rico comerciante, era a mais apaixonada. Mas essa paixão implodiu por causa de um fato hilário. Chegou um circo famoso na cidade. Havia umas dançarinas e rumbeiras que dançavam ao som do conjunto do próprio circo. Acontece que o guitarrista do circo adoeceu, então o gerente do circo depois de procurar um substituto eventual foi a nossa casa e convidou meu irmão para tapar o buraco e garantiu uma boa grana, além de entrada grátis para toda nossa família. Ele foi, tocou nos trinques.
Mas ocorre que no dia da primeira funçao do circo, a família da namorada do meu irmão estava nas cadeiras de honra e viram o carinha tocando no circo. Ficaram escandalizados. No outro dia bem cedo meu irmão recebeu um bilhetinho da namorada com o seguinte teor: "Amor, não posso mais namorar com você porque minha família não deixa, dizem que moça de família não pode namorar artista de circo. Desculpe. Socorrinho". Rimos tanto que engasgamos, inclusive o guitarrista. William Porto. Inté