Será que meu pai e Guimarães Rosa prosearam?
O meu pai e minha mãe com sua mania de Jota, todos os seus oito filhos iniciavam com a letra J até mesmo o nosso cachorro tinha a letra J na inicial: chamava-se Julim.
Eu, ainda um menino analfabeto das letras , tinha o Julim como o meu grande amigo. Ele era tudo pra família, pra casa.
A coisa que eu mais gostava era ficar sentado na porta principal da casa junto a ele esperando o meu pai chegar de charrete no dia que ele ia fazer a compra.
Era neste dia que o meu pai trazia um doce, tipo de um sorvete em casquinha com um suspiro preso nas extremidade como se fosse uma "massa de sorvete" e preso a esta " massa" um brinquedinho: normalmente era um soldadinho de plástico, o qual eu colecionava.
O Julim era o meu alerta. Meu pai ainda distante, impossível de ouvir qq ruído o Julim eriçava a orelha: era o sinal, o meu pai vinha chegando. Ele me olhava sorria com a sua lingua de fora e
me dizia: vamos Jorge encontrar seu pai na porteira , o seu docinho tá chegando...
E lá íamos nós correndo. Ele era tão amigo que corria ao meu lado . Nunca atrás e nem na frente, sempre ao meu lado.
O tempo passou e este menino analfabeto aprendeu a ler hoje escreveu esta história pois ao ler o romance de Guimarães Rosa : Manuelzão e Minguilim encontrou que o menino Minguilim também tinha um cachorro chamado Julim.
Meu pai não era leitor de livros,sabia ler o básico e escrever com a enxada poesias na terra.
Será que Guimarães Rosa passou por aqui no Itapema?Será que ele e meu pai se conheceram? Trocaram prosa sobre cachorros? É possível, naqueles tempo o Itapema tinha jeitão de sertão...