Eu e Leitura

**Eu e a Leitura**

Desde pequena , as páginas de um livro sempre foram meu refúgio, um portal mágico que me transportava para mundos desconhecidos e me apresentava personagens que se tornavam amigos inseparáveis. O cheiro do papel, a textura da encadernação e até o som do virar das páginas me trazem à memória os momentos mais doces da minha infância.

Lembro-me de, aos sete anos, esconder-me debaixo da coberta com uma lanterna, ansioso e empolgada para desvendar as aventuras do meu primeiro herói literário: um pequeno gênio que escapava de situações perigosas com astúcia e coragem. A cada página lida, uma nova imagem se formava na minha cabeça, e o mundo real se tornava quase irrelevante.

Com o tempo, a leitura transformou-se em um hábito, uma necessidade. Já não precisava mais de uma lanterna; os livros se espalhavam pela casa, como amigos à espera de suas histórias serem reveladas. A ficção me permitiu viver vidas que jamais teria, enquanto a não-ficção me apresentou verdades e knowledge que moldaram minha visão de mundo. A literatura me ensinou a enxergar além do óbvio, a questionar, a sonhar.

No entanto, nem sempre foi uma relação de amor. Houve momentos em que a vida acelerada parecia sugar meu tempo e minha motivação. A rotina e as obrigações tornaram-se tão pesadas que as páginas, antes tão convidativas, começaram a parecer uma tarefa. Foi nesse período que aprendi que a leitura não deve ser uma obrigação, mas uma escolha consciente. Foi como reencontrar um velho amigo: tudo o que era necessário era um bom convite para recomeçar.

Revisitar clássicos, descobrir novos autores, mergulhar em gêneros distintos foi a chave para reacender a paixão. Hoje, leio com a fome de quem esteve à deriva em um mar de letras e finalmente encontrou a terra firme. Cada livro que termina é motivo de celebração; cada recomendação recebida, uma oportunidade de compartilhar essa redescoberta.

Por meio da leitura, entendi que somos todos viajantes nesse vasto universo. Os livros são passagens que nos permitem explorar não só o exterior, mas, principalmente, o interior de nós mesmos. Cada história, uma nova aprendizagem; cada autor, uma nova perspectiva. Assim, com cada página virada, sigo acompanhando o ritmo silencioso da vida, onde a leitura é o compasso que embala meus pensamentos e sonhos.

Eu e a leitura, uma relação em constante transformação, um laço que se fortalece com o tempo. E enquanto houver palavras e histórias, continuarei a dançar nessa valsa interminável.

Vera Salbego