CAPÍTULO IV - “BANG BANG À ITALIANA!”
“Como assim, à italiana?!”
Se toda a temática, se toda sistemática, se todo o enredo, “script” e ocorrências, se deram lá nos Estados Unidos, acerca dos acontecimentos do velho oeste, onde , por acaso, entrou a Itália nisso?
Porque, se à Itália há séculos e séculos passados fora lá a Pátria do mundo, no que tange ao domínio de exércitos e sua vasta cultura, etc., no que diz respeito aos cowboys e narrativas do gênero histórico dessa atividade peculiar, desconheço completamente essa parceria com os heróis e bandoleiros do Oeste americano!
Note-se que essa questão, essa pergunta, somente surgiu para mim, pelo menos, anos depois de eu ter começado a assistir e tentar compreender como era o velho oeste e no que se baseava. Ocorre que aconteceu, posso assim dizer e compreender, uma completa hegemonia de atores nesse gênero, tanto Italianos, quanto americanos. Dos italianos, mereceria destaque, primeiramente FRANCO NERO (1) . Este, que teve, seu primeiro papel de destaque em “Django,” de 1966, um clássico do western de produção ítalo-espanhola. “Texas, Adios!” “Massacre Time!” (Tempo de Massacre), entre tantos outros.
Giuliano Gemma, (2) este, também “mito” no tocante as interpretações realizadas nos WESTERNS, cujas atuações , transpareciam sim, ser um nativo do velho oeste, além de dar vida a todos os seus personagens, com excelente atuação!
Entretanto, a história contada, a história narrada, tem sempre e talvez a contragosto, sua própria versão que ela mesma na ousa especificar (?!)
Sim, a realidade tudo aquilo que se vê e mesmo se encontra na narrativa ao longo, não descrevem e talvez nunca descreverão toda a verdade, como é no caso do que ocorreu no velho oeste, por exemplo, onde boa parte dos heróis que estiveram nas telas e mesmo na vida real e que maneira nenhuma foram contados no cinema... porque não retratam a vida real verdadeiramente: “A imagem mais comum do caubói é um homem branco usando botas e carregando uma arma nos westerns - como John Wayne ou Clint Eastwood. Mas o retrato de Hollywood do oeste americano é uma versão caiada da realidade. Acredita-se que um quarto de todos os caubóis eram negros. Assim como muitas pessoas, Jim Austin (e eu diria, do mundo civilizado – minha observação) - um empresário de 45 anos - não sabia sobre a presença de negros no Velho Oeste. ‘Eu aposto com você que nove entre 10 pessoas neste país acham que os caubóis eram todos brancos - como eu pensava." A descoberta inspirou a ele e sua mulher Gloria a criarem o Museu Nacional da Herança Multicultural do Oeste em Fort Worth, no Texas. O museu homenageia alguns dos caubóis negros esquecidos. "As crianças que aprendem história em nossas escolas não estão ouvindo a verdade sobre o que era o oeste", diz Austin.”
Entretanto, há que se destacar o ousado diretor/ator QUENTIN TARANTINO (4) , sempre disposto a “beaking the laws!” A quebrar regras e em alguns casos especificamente, como nesse de narrativa e descrição do filme “Django Livre”, colocar um herói negro, ratificando alguns fatos não contados pela história e não retificando algo que não fora escrito verdadeiramente.
“O filme de Quentin Taratino “Django Unchained!” (Django Livre, na versão em português), vencedor de dois Oscar, é um dos poucos filmes de Hollywood que mostra um caubói negro. (JAMIE FOXX )(3) Na realidade houve muitos, cujas histórias foram usadas em filmes estrelados por atores brancos!” (bbc.com)
A realidade é que, TARANTINO, faz o diferencial. Impossível assistir ou ler algo descrito por ele, sem ficar... ou “extasiado” ou “escandalizado”. Essa “montanha russa” de contrastes de sua direção, ficou bastante clara, por exemplo, nos espetaculares filmes: “PULP FICTION” (Tempo de Violência), este, estrelado por JOHN TRAVOLTA e SAMUEL L. JACSON. Em, “BALADA DO PISTOLEIRO!” , com ANTONIO BANDERAS e o sempre “mal caráter” (no bom sentido) DANNY TREJO. Dentre outros tantos, porém, em DJANGO LIVRE, quando deu vida ao Pistoleiro Vingativo e herói, cujo ator foi JAMIE FOXX, atingiu o ápice de suas produções.
Ousado e inovador, QUENTIN TARANTINO, sai dos padrões e estabelece novos conceitos no cinema para com isso, fazer com que, a “vida real”, sofra lá algum impacto, quanto sofreu os telespectadores ao virem perante seus próprios olhos, direto dos estúdios de HOLLYWOOD, um herói negro, confrontar os brancos, ainda que somente nas telas do cinema de um dos países mais racistas do mundo.
Quanto as filmagens dos WESTERNS italianos, americanos que até então , eu acreditava terem sido “rodadas” nos EUA, na realidade, foram filmadas no DESERTO DE ALMERIA (Considerado como o maior deserto da Europa, o deserto de Tabernas está localizado na província de Almería (Andaluzia, Espanha) e está protegido como Parque Natural numa área de 280 km². Devido à sua localização está isolado das correntes húmidas do mar Mediterrâneo, que fica próximo. É uma zona de pouca chuva e altas temperaturas médias ao longo de todo o ano (17ºC) e um dos maiores níveis de horas de sol possíveis (300h/ano), tudo isto forma um clima seco que dá lugar a este verdadeiro deserto). Ou seja, os Italianos, praticamente estavam “no seu quintal” e nem precisariam atravessar o oceano, nem ficar distante de sua terra natal, para realizar as tais filmagens.
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(1) FRANCO NERO - Francesco Clemente Giuseppe Sparanero, mais conhecido como Franco Nero, Nasceu na cidade de San Prospero e cresceu em Bedonia e Milão. Ele estudou por um curto período na Faculdade de Economia e Comércio (Facoltà di Economia e Commercio) antes de abandoná-la para ir estudar no Piccolo Teatro di Milano.
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(2) Giuliano Gemma foi um ator, apresentador de TV, escultor e atleta italiano. Nascimento: 2 de setembro de 1938, Roma, Itália. Falecimento: 1 de outubro de 2013, Civitavecchia, Itália
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(3) JAMIE FOXX - Eric Marlon Bishop, mais conhecido como Jamie Foxx, é um ator, produtor, roteirista, cantor e comediante norte-americano. É conhecido principalmente por atuar como Ray Charles no musical Ray e como Django no filme Django Livre, de Quentin Tarantino.
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(4) Quentin Jerome Tarantino é um realizador, roteirista, produtor, ator, diretor de fotografia e crítico de cinema americano. É vencedor de dois Oscars de Melhor Roteiro Original e foi eleito o 19° maior diretor de cinema dos últimos 25 anos segundo o levantamento da Quartz através do Metacritic.