(trecho do livro “COWBOYS E CANGACEIROS!” – A SAGA!.) INTRODUÇÃO!

Apesar de gostar sobremaneira e admirar de modo muito particular a maneira pela qual, viviam os cowboys, no velho oeste , nos Estados Unidos, me levando a ser fã incondicional, dos filmes que retratavam toda àquela saga nas telas, etc., tive que reconsiderar “alguns objetivos”, porém, oriundo da cidade e do Estado de onde se originou o cangaço e onde ainda reina lá seus traços, foi a partir do instante de imaginar a resiliência, a persistência, a dedicação, do esforço que faziam, tanto os cowboys do velho oeste (sem qualquer objetivo de tentar qualquer espécie de comparação, pois, não há como) quanto os cangaceiros do sertão nordestino, para se deslocarem , léguas á fio, montados sobre o “lombo” de um cavalo e ao recordar situação, muito particularmente dolorosa, quando passei por episódio infinitamente menos duradouro que a vida daqueles homens sobre celas, que imaginei quão dolorida de fato e direito, quão sofrida, quão desesperadora e angustiante, era lá a vida daqueles homens que se deslocavam naquelas terras inóspitas, em busca de tentar algo muito difícil à época: sobreviverem! Coloque-se também para uma fundamentação mais justa e menos, digamos assim, tendenciosa para o mal, os vaqueiros nordestinos, também, verdadeiros heróis e ainda hoje o são , para transportarem seu gado (seu gado, modo de dizer, dos seus patrões) por terrenos inóspitos e áridos, como ainda hoje é e muito abrasador, os terrenos da caatinga! Amparado nisso e nesse caso e somente nesse, fazendo uma espécie de comparação, qualquer vaqueiro nordestino, com a mais pura tranquilidade e desenvoltura, conseguiria viver à época do velho oeste, nos Estados Unidos, como se estivessem, “no melhor dos mundos!” Ao passo que a recíproca jamais seria similar, sequer parecida. Uma vez que o melhor dos cowboys, o maior dos bandoleiros daquela época, naquele País, não conseguiria sobreviver , uma semana, nesse tipo de terreno e nas condições de sobrevivência, que oferece lá os meios de sobrevivência dos desertos de Pernambuco, da Bahia, do Ceará, da Paraíba, das Alagoas. Não! Não o resistiriam muito. Mesmo porque, as dificuldades trazidas para eles em sua época, originadas a partir dos desertos do Arizona, Texas, Novo México e mesmo no México, por onde passavam vez ou outra pelas necessidades, às vezes de “fuga rápida”, não seriam tão devastadoras, o quanto a degradação que traz consigo, a aridez nordestina e somente quem passou por lá, em época de calor e conseguiu sentir na própria pele, algo da seca, pode fazer ideia, do quanto é desolador uma hora que seja, embaixo daquele Sol escaldante, extenuante e causticante. Razão pela qual, foram tão contundentes e causaram impacto no país e hoje no mundo, os relatos produzidos por um nativo e vivente da terra, como o fora o saudoso e grande escritor: GRACILIANO RAMOS! (1) E para ilustrar e iniciar , baseados no relato de Ramos, eis um trecho “sofrido” de sua obra prima, “Vidas Secas”, que retrata o que é o “retiro” naquelas “secas terras:” “Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra.”

Mas, conforme dito, foi justamente numa aventura sem um grande objetivo em mente ou em jogo, que em algumas horas, pude perfeitamente repensar minha questão sobre a ideia de “ser cowboy” e o sofrimento que o nordestino vaqueiro, tinha que enfrentar para trazer lá seu gado de volta, quando fugiam mata (rala) adentro!

Duas, três horas no máximo, fizeram-me reconsiderar a possibilidade de ser cavaleiro, porque uma semana, com as nádegas doendo, me fizeram enterrar para sempre o desejo de ter cavalo para montar ou até, arranjar algum para passear no campo. Em contrapartida, forçosamente, fui obrigado a reconhecer o grande feito daqueles heróis, com seu “trazeiros” completamente calejados e acostumados com a lida dura, do galope sobre esses quadrúpedes especializados em seu “mister!”

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(1) Graciliano Ramos de Oliveira foi romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista brasileiro, considerado um dos maiores nomes da literatura brasileira. Ele é mais conhecido por sua obra Vidas Secas. (Wikipédia) Nascimento: 27 de outubro de 1892, Quebrangulo, Alagoas. Falecimento: 20 de março de 1953, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

JFTorres
Enviado por JFTorres em 27/07/2024
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