Dores Frutíferas

Conforme a vida vai passando, tenho percebido que vamos nos aborrecendo cada dia mais. Hora um amigo, hora um parente, hora o povo, hora a gente.

As coisas, a vida, as relações vão se tornando pesadas nos moldes de dependências de sempre e vamos abandonando partes delas pelo caminho: as viagens em grupos não são mais tão necessárias assim, as presenças constantes e pessoas para nos ouvir tornam-se dispensáveis, viagens solo tornam-se atraentes com a possibilidade de fazer e ir somente onde queremos.

Conforme a vida vai caminhando para mais adiante, tenho percebido que vamos sendo curados da necessidade de sermos completos somente com outros. Vamos nos tornando mais fãs de nós mesmos e menos fãs dos outros, aprendendo a tolera-los e aceita-los a medida que nos compreendemos e nos aceitamos mais e mais. Vamos nos amando mais.

Parece que, afinal, esses aborrecimentos são frutos do amadurecimento, das pazes que vamos, passo a passo, fazendo nós com nós mesmos, cada um consigo. E nos compreendermos basta para noscsentirmos bem de novo, fruto desses aborrecimentos, lições de independência com conservação das relações na vida. E isso é tudo.

Marta Almeida: 09/07/24 Praias Azeda e Azedinha, Búzios-RJ