A PRIMA DE LISE
Meu falecido marido, o Celso, lecionava Física e Matemática no Curso de Ciência da Computação da PUC – Curitiba. Sua colega, também professora de Matemática, a Lise, certo dia lhe pediu para tirar umas fotografias e trabalhar nelas no computador. Explico: Celso era exímio fotógrafo e um expert em computação gráfica e havia recuperado muitas fotos antigas apagando manchas, sombras e revitalizando sua aparência em geral sem, no entanto, mudar as características das pessoas retratadas, seus aspectos físicos, suas indumentárias ou o ambiente em que as fotos foram tiradas.
Elisabeth queria que ele ampliasse ou melhorasse as fotos obtidas e assim aconteceu. A prima veio à nossa casa. Era uma moça bonita, de rosto rosado, olhos azuis e longos cabelos loiros que lhe caiam pelos ombros.
Ela conhecera, através de um site de relacionamentos, um rapaz de outra cidade e queria enviar-lhe algumas fotografias grandes e bonitas. O rapaz já vira seu rosto em fotos e vídeos pelo celular e estava encantado. Ela, porém, relutava em mostrar-lhe sua silhueta. A jovem de bonito rosto, sedosos cabelos e brilhantes olhos azuis era obesa, o que comprometia todo o conjunto.
Celso não sabia disso e nem fora avisado por Elisabeth. Quando a viu ficou certo de que as fotos ficariam bonitas, entretanto, não poderia emagrecê-la. Acho que ambas esperavam, realmente, que ele pudesse torná-la mais esbelta nas fotos.
Depois que a moça foi embora, levando as fotografias, ele comentou comigo:
-- Eu fiz o que pude, mas milagre não faço! Já havia o Photoshop mas adulterar uma foto estava fora de cogitação.
Fico pensando...qual teria sido o desfecho desse romance pela Internet em que a namorada sonegava algo que não se pode esconder?