"O mês está acabando, seja forte!"

Tudo se desenrolava para ser um daqueles dias em que a rotina se marca sem grandes surpresas. Acordei, tomei meu café habitual e me preparei para mais um dia. O sol brilhava através da janela do carro, prometendo um dia tranquilo. Mas, como muitas vezes acontece, a vida gosta de nos surpreender nos momentos mais inesperados.

Estava na minha mesa de trabalho, absorta em tarefas diárias, quando o e-mail chegou. Abri a mensagem e lá estava a surpresa. Por um momento, fiquei paralisada. As palavras na tela começaram a se misturar enquanto eu processava a notícia. Uma sensação de perda tomou conta de mim, uma dor silenciosa se instalou no peito. Não era minha dor, mas a dela, a incerteza de um novo começo, o peso das despedidas. E, de alguma forma, essa dor se tornou minha.

Passei o resto do dia tentando me concentrar no trabalho, mas a mente continuava a vagar. Lembrava das conversas no café, das risadas nas reuniões, dos percalços, dos erros e acertos. Cada memória trazia uma nova onda de tristeza. Senti uma empatia profunda, quase esmagadora, pelo que ela deveria estar sentindo. E me questionei se sentir tanto não era, de certo modo, um fardo pesado demais.

Lembrei-me de outras vezes em que pessoas passaram pela minha vida, deixando marcas indeléveis. Sempre me disseram que sentir empatia era uma qualidade valiosa, que o mundo precisava de mais pessoas capazes de se colocar no lugar do outro. Mas, naquele momento, me perguntei: até que ponto isso é verdade? Até que ponto sentir demais é benéfico, se é que realmente é.

Olhei ao redor, vendo colegas imersos em suas tarefas, alguns aparentemente inabaláveis. Talvez sentissem algo, talvez não. Mas percebi que, para mim, a empatia era uma força poderosa, uma correnteza que me arrastava para as profundezas da emoção alheia. E isso me fazia questionar: como equilibrar o sentir com a necessidade de seguir em frente?

No final do dia, me sentei sozinha, refletindo sobre o impacto das mudanças, das despedidas. Prometi a mim mesma que aprenderia a criar um espaço saudável entre meu coração e o do outro. Não se trata de ser indiferente, mas de saber dosar a intensidade do que sentimos. Ser um apoio sem nos perdermos no processo. E assim, naquela noite, adormeci com a esperança de que o novo dia traria um equilíbrio melhor. Um jeito de viver e sentir que me permitisse ser empática sem esquecer de cuidar de mim mesma.

Daniele Pereira
Enviado por Daniele Pereira em 31/05/2024
Reeditado em 31/05/2024
Código do texto: T8075307
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.