Malhação de Judas
FAZIA parte dos usos e costumes do nosso interior a tradicional malhação do Judas. Fazia-se um grande boneco bem feio e, à noitinha, as pessoas o apedrejavam. Era o repúdio popular dos cristãos à traição de Judas que entregou Jesus Cristo aos seus algozes.
Nunca participei desss malhação. Já adolescente raciocinava que não era Judas o maior culpado pelo martírio de Jesus, mas os sacerdotes do templo, Pilatos e, claro, o próprio povo que preferiu salvar Barrabás e condenar Jesus. Mas sempre execrei ajudas e todo tipo de traidor.
Mas só muito mais tarde fui compreender com mais clareza o papel de Judas, inclusive saber que ele era muito rico e instruído e não precisava dos trinta dinheiros. Que a sua participação no episódio da condenação de Cristo se deu obedecendo a um plano que visava convencer definitivamente as pessoas. Foi quando li um romance espetacular do israelense, Amós Oz, Judas. Seria bom que as pessoas, inclusive aquelas que malharam os bonecos de Judas, lessem esse livro. Estava tudo escrito.
Fica a dica do livro. William Porto. Inté.