— Um deserto chamado Alzheimer.

 

De repente, tudo foi se perdendo, e seu olhar se fixou no vazio.

Não sabia mais onde estava, nem o porque de estar.

Tudo se fez estranho e medonho.

Gritos angustiados ecoavam na escuridão  da escuridão sem fim.

Medo do nada, ou seria o medo da

ausência de Vida em Vida?

Os filhos que gerou, amamentou ,educou e amou , se tornaram estranhos a pertubar-lhe  o juízo.

Não entendia e não mais se reconhecia ao ser chamada por Mãe.

Amanhecer e anoitecer era o mesmo do mesmo.

Angústia velada em um olhar que via e não enxergava.

Raros reflexos de lucidez e alegria.

 

E numa roda viva de perdas e mortes, o Alzheimer me fez "Mãe de minha Mãe".

 

Durante dez longos anos, o Alzheimer lhe tomou quase tudo, mas não conseguiu lhe tirar o nome e a fé.

 

Quando minha mãe partiu, ela tinha se esquecido de toda a sua vida, só não se esquecera de seu nome e de repetir a Oração do Pai Nosso, e ela sempre nos dizia — nunca esqueçam a oração  que Jesus nos ensinou.

 

E assim ela concluiu sua jornada por aqui, sem suas memórias, mas sempre e pra todo o sempre, a nossa querida e amada Mãe.

                           

                                *****

 

E no dia internacional da Mulher, a ela os meus aplausos e agradecimentos.                

 

                

 

 

 

 

 

Gracieluz
Enviado por Gracieluz em 07/03/2024
Reeditado em 07/03/2024
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