Bolsonaro, o tarado.
Extra! Extra! Extra! Bolsonaro assediou uma baleia! Extra! Extra! Extra! Bolsonaro, machista, assediou uma baleia! Extra! Extra! Extra!
Vivêssemos em outros tempos, mais românticos, mais elegantes, mais civilizados, seriam as palavras do primeiro parágrafo desta minha crônica, que será breve, as que se veriam, em letras garrafais, na primeira página dos principais jornais e portais de notícias internéticos. Mas não é com tais palavras que se dá a notícia da ousada aventura amorosa do presidente Jair Messias Bolsonaro, façanha que poucos homens ousariam empreender à luz do dia.
É o presidente Jair Messias Bolsonaro um fauno, um Dom Juan dos trópicos, um ser mitológico que exala feromônios pelos poros, pelos cabelos, pelas unhas, atraindo para si, para o seu abraço de conquistador de olhar magnetizante, toda e qualquer fêmea que habita a Terra.
Que história cabulosa é a que se conta?! Talvez o leitor, se desavisado, esteja se perguntando, e desejando perguntar-me, do que estou a falar, aqui, neste meu canto, que tanto preservo e estimo, e se está a se fazer tal pergunta e a desejar-me fazê-la de mim não esperará muito tempo para obter a resposta, que é esta: dignos representantes do sistema judicial brasileiro, daqui, mesmo, da Terra dos Papagaios, de Pindorama, da Banânia, de Bruzundanga, do País do Carnaval, esfalfam-se, denodados homens-da-lei que são, a perseguirem um ideal universal, a inspirar-lhes o espírito amor incondicional pela Justiça, que é cega, deveras cega, e falha, desdobrando-se, e desdobrando-se, num labor dignificante, para conhecerem a identidade de um macho da espécie humana que, a pilotar uma possante moto-aquática, aproximou-se, inadvertida, e perigosamente, em alto-mar, de uma baleia, esta uma donzela inofensiva, inocente criatura, uma Julieta a sonhar com o seu Romeu. E o presidente Jair Messias Bolsonaro... Ah! Presidente Jair Messias Bolsonaro, quem te viu, quem te vê! a arrastar as asas para a inocente, ingênua baleia. Seria apropriado dizer que o presidente Jair Messias Bolsonaro pulou a cerca?!
Independentemente de qual tenha sido, neste folhetim de espantar Melville, a verdadeira façanha do presidente Jair Messias Bolsonaro, cabe perguntar se não há casos deveras importantes com que os homens-da-lei devam se ocupar.
Depois de ler O Processo, de Kafka, e As Vespas, de Aristófanes, e ambas estas duas obras-primas da literatura universal há uns dez anos, nunca mais alimentei aquela ingênua concepção que eu fazia da justiça, e dos homens que supostamente a representam, tipos, estes, digo a verdade, que sempre olhei com olhares ligeiramente desconfiados. Que há homens-da-lei que se sacrificam pela Lei, pela Justiça - seja a Lei e a Justiça o que quer que sejam -, há, todavia, tenho dificuldades, confesso, de identificá-los na multidão de tipos desprezíveis.