Como se encontrar quem foge de si?

Tenho personalidade de nuvens, não tenho uma forma definida, a todo instante vou me transformando em algo que nem eu mesma consigo decifrar.

Cheguei no Domingo de manhã aqui em São Thomé das Letras. Vim de carona de Três Coraçoes até aqui.

Uma mochila, com poucas roupas e um pouco dinheiro o suficiente para me sustentar por uns dias.

Me acomodei num hoster próximo ao centro da cidade, onde fui muito bem acolhida.

Logo fiz amizade com a dona e em dois dias arrumei trabalho neste local em troca de cama e comida. Meu trabalho resumia em servir o café da manhã, organizar os quartos, lavar banheiro e outras atividades mais.

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Hoje está completando três semanas que estou aqui em São Thomé. Acabei de acordar, o dia está cinza e chuvoso. Estou sacuda: cancei de cachoeiras, do por do sol, das ruas calçadas de pedras, dos seres que aqui vem ressegnificar sua vida, dos malucos, das lojinhas de artesanatos, da cannabis, a beleza da natureza daqui já perdeu a graça.

Enfim, me liguei, tomei consciência: vim pra cá fugida. A minha conclusão é que quem foge de si não se encontrará em lugar algum.

Quer saber de uma coisa? Vou embora daqui agora mesmo! Vou voltar pra minha casa. To sentindo falta do carinho da minha mãe, do abraço fraternal do meu pai e do meu gato Caetano. E também a falta da minha cama macia, o conforto da minha casa.